Metsola diz aos líderes da UE que conduzirá reforma profunda contra corrupção
15 de dez. de 2022, 16:06
— Lusa/AO Online
Como
é tradicional, a presidente do Parlamento Europeu dirigiu-se aos
líderes dos 27 antes de estes iniciarem mais um Conselho Europeu, em
Bruxelas, tendo iniciado a sua intervenção abordando precisamente a
“semana difícil” vivida, à luz da investigação policial que levou à
detenção de membros da assembleia, entre as quais uma vice-presidente, a
deputada grega Eva Kaili, por alegado envolvimento num caso de
corrupção relacionado com subornos do Qatar para influenciar as decisões
políticas do parlamento.“Posso dizer-lhes
que as informações que recebemos das autoridades belgas indicam que
existem sérias suspeitas de pessoas ligadas a governos autocráticos que
praticam um tráfico de influência de uma forma que suspeitamos ter a
intenção de subjugar os nossos processos”, apontou a dirigente maltesa.Metsola
apontou que os serviços do Parlamento Europeu trabalharam em sincronia
com as autoridades belgas e regozijou-se por, no seu entender, ter sido
impedida a intenção de “subverter os processos” democráticos da
assembleia, assinalando que “os suspeitos foram detidos, interrogados e
acusados, como não poderia deixar de ser”. “Mas
devo também dizer que, embora possamos sempre procurar reforçar a
dissuasão e a transparência, e eu vou liderar um forte processo de
reforma, haverá sempre alguns para quem um saco de dinheiro vale sempre o
risco. É essencial que estas pessoas compreendam que vão ser apanhadas.
Que haverá consequências. Que os nossos serviços funcionarão e que
enfrentarão toda a extensão da lei”, concluiu Roberta Metsola.À
chegada à sede do Conselho, a dirigente maltesa já adiantara que a sua
principal mensagem aos líderes dos 27 seria a de garantir que "não vai
haver impunidade" e a justiça será aplicada, até para que todos os
atores estrangeiros com objetivos maliciosos saibam que "o Parlamento
Europeu não está à venda".Na passada
segunda-feira, ao abrir a sessão plenária do Parlamento que ainda
decorre em Estrasburgo, França, Metsola já havia assumido a sua “fúria,
raiva e tristeza” com o caso de corrupção que envolve membros da
assembleia e anunciou uma reforma interna a nível de transparência, com
uma séria de medidas tais como uma investigação interna e uma reforma do
acesso dos grupos de pressão (lóbis) às instalações parlamentares,
assim como a proteção de denunciantes de atos criminosos.No
mesmo dia, o Parlamento Europeu destituiu do cargo a vice-presidente
Eva Kaili, detida pela polícia belga por alegado envolvimento num
escândalo de corrupção.A decisão que a
eurodeputada socialista grega não pode exercer o cargo foi aprovada por
625 votos a favor, um contra e duas abstenções, representando uma dupla
maioria de dois terços dos votos expressos e uma maioria dos deputados
que compõem o hemiciclo.A votação foi
realizada ao abrigo do artigo 21.º das regras de procedimento do PE, na
sequência de investigações que as autoridades belgas estão a realizar no
âmbito de suspeitas de corrupção que envolvem a eurodeputada helénica,
entre outros suspeitos.Eva Kaili, que já
tinha sido suspensa e posteriormente expulsa do grupo parlamentar dos
Socialistas e Democratas (S&D), encontra-se detida na Bélgica por
alegado envolvimento num caso de corrupção relacionado com subornos do
Qatar para influenciar as decisões do Parlamento Europeu relativas à
realização da edição de 2022 do Mundial de futebol naquele país.O
seu companheiro, Francesco Giorgi, também permanece detido, depois de
ter comparecido perante um tribunal de Bruxelas, juntamente com o
ex-deputado socialista italiano Antonio Panzeri.