Metade dos pensionistas por velhice com reforma abaixo dos 462 euros em 2024
12 de dez. de 2025, 16:17
— Lusa/AO Online
De acordo com a
análise aos microdados da Segurança Social referentes a 2024 feita pelos
economistas do banco central, há “uma dispersão elevada”, com metade
dos pensionistas de velhice do regime geral a receber menos de 462 euros
e 5% a receber mais de 1.685 euros.“A
proximidade entre a pensão média e o percentil 75 revela que a maioria
dos pensionistas aufere valores significativamente inferiores à média,
refletindo uma distribuição assimétrica e concentrada em níveis baixos”,
assinala o texto elaborado por Cláudia Braz, Sharmin Sazedj e Lara
Wemans e que constará no Boletim Económico deste mês.A
análise debruçou-se ainda sobre as diferenças entre os géneros,
apontando que nas mulheres há menor variabilidade e situam-se, em média,
em níveis inferiores.No total, havia 2,5
milhões de pensionistas de velhice dos regimes públicos, dos quais dois
milhões pertencem ao sistema de Segurança Social e 440 mil à Caixa Geral
de Aposentações (CGA).Em 2024, a idade
média dos pensionistas era de 75 anos, sendo a das mulheres superior à
dos homens em 15 meses, “refletindo uma esperança média de vida
superior”.Em 2024, a pensão de velhice
média para mulheres foi de 490 euros, contra 812 euros para homens. A
diferença, em cerca de 40%, desce para 28% quando é considerada a soma
das pensões de velhice e de sobrevivência.Separando
por grupo etário, as pensões médias mais baixas ocorrem nas faixas
etárias mais elevadas, com os pensionistas com menos de 65 anos a terem
uma pensão média próxima de 770 euros e que recua até aos 537 euros dos
pensionistas com mais de 80 anos.“Este
perfil deverá estar associado ao aumento da duração das carreiras
contributivas e dos rendimentos declarados dos novos pensionistas”,
assinala o texto do boletim.Os dados
apontam ainda que em 2024, entre todos os pensionistas de velhice, 40% -
ou 804 mil pessoas – encontravam-se a receber a pensão mínima, um
indicador calculado em função do número de anos calculados.A
análise aponta ainda que o diferencial de género tem diminuído de forma
gradual nos últimos anos, embora ainda haja uma diferença entre homens e
mulheres, não só pelo estreitamento das diferenças salariais, mas
também pelo aumento da participação feminina no mercado de trabalho e
pelo aumento das carreiras contributivas, segundo as autoras.As
autoras destacam ainda que as penalizações aplicadas às reformas
antecipadas têm contribuído para o aumento da idade da reforma, que
passou de 64,7 anos em 2019 para 65,4 anos em 2024, apesar da manutenção
da idade legal em 66,3 anos.No entanto,
apesar desta convergência entre os dois indicadores, 38% dos novos
pensionistas reformaram-se antes da idade legal, contra 32% que o
fizeram com essa idade e 31% após a idade legal.Sobre os novos pensionistas, 10% destes continuaram a trabalhar, principalmente entre beneficiários com pensões mais elevadas.Segundo
os dados analisados, os reformados que continuavam a trabalhar após se
reformarem recebiam uma média de 933 euros, contra a média de 591 euros
de quem não trabalha após a reforma.Menos
de um em cada quatro novos pensionistas que deixou de trabalhar após a
reforma recebia mais que o salário mínimo, enquanto mais de metade dos
novos pensionistas que continuaram a trabalhar tinham uma reforma igual
ou superior a mil euros.Quanto à taxa de
substituição, que diz respeito à relação entre o último salário e a
pensão, e que avalia a manutenção do nível de rendimento após a reforma,
esta situou-se perto dos 70%, sendo a das mulheres (67%), em média,
inferior à dos homens (74%).Em relação ao
último salário, a taxa de substituição é mais alta quanto mais baixo for
o salário, passando, em termos brutos, de 77% para salários até 900
euros, para 61% nos salários acima de 2.500 euros.“Este
comportamento reflete, por um lado, maiores diferenças entre o salário
inicial e final da carreira nos rendimentos mais elevados e, por outro, o
efeito redistributivo da fórmula de cálculo da pensão, que favorece
proporcionalmente os salários mais baixos”, assinalam.As
autoras apontam ainda que quando é considerado o rendimento total dos
pensionistas - rendimentos de trabalho, prestações sociais, rendas e
rendimentos de capital, deduzidos de impostos sobre o rendimento – este é
inferior em cerca de 18% ao rendimento dos trabalhadores por conta de
outrem, mas que esta relação diminui para 10% ajustado à composição do
agregado, uma vez que têm, em média, menos crianças e jovens a cargo.“Quando
comparado com a generalidade da população, e não apenas com os
trabalhadores por conta de outrem, o rendimento total médio do agregado
por adulto equivalente dos pensionistas portugueses não se distingue do
resto da população”, acrescentam, contrastando com a quebra superior a
10% na média da zona do euro.Na base da
distribuição, os pensionistas têm um rendimento superior em cerca de
8,1% ao resto da população, justificando-se com a conjugação de pensões
mínimas com o Complemento Solidário para Idosos e outras prestações.