Metade dos alunos do 9º ano sabe menos de Inglês do que o exigido no 7º ano
Quase metade dos alunos do 9.º ano que fizeram o teste de inglês 'Key for schools' demonstraram ter conhecimentos da língua inferiores aos exigidos no 7.º ano, segundo dados do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE).

Autor: Lusa/AO online

 

Apenas um em cada quatro estudantes do 9.º ano – para quem a prova foi obrigatória - teve uma nota correspondente ao seu nível de ensino (B1) no teste "Key for schools", realizado pelo "Cambridge English Language Assessment", revelou hoje o presidente do IAVE, Hélder de Sousa.

O teste foi desenhado de forma a permitir perceber o nível de conhecimentos dos alunos: os estudantes muito fracos ficam no primeiro nível (Pré-A1), e os que conseguem “usar linguagem simples, com ajuda” ficam no nível A1.

No final da apresentação e em declarações aos jornalistas, Hélder de Sousa apontou alguns números, dizendo que 47% dos alunos tinham tido resultados abaixo do esperado.

No entanto, os dados disponibilizados pelo seu gabinete mostram que as notas foram um pouco mais baixas: quase um em cada quatro alunos (24,3%) do 9.º ano ficou no nível Pré-A1 e 22,9% destes estudantes ficaram no A1.

“Com cinco anos de inglês, com a nossa marca curricular e a nossa carga horária, deveria permitir que o aluno chegasse ao B1”, admitiu Hélder de Sousa em declarações aos jornalistas.

No entanto, este foi o nível menos representativo entre os alunos do 9.º ano: só 21,1% atingiu este patamar, que representa um “utilizador independente que é capaz de comunicar sobre assuntos simples do quotidiano”.

O teste realizado no final de abril, por cerca de 101 mil alunos, foi desenhado para um nível A2, o que equivale, globalmente, aos conhecimentos definidos para os alunos no final do 7.º ano. Entre os alunos do 9.º ano, apenas 31,6% chegou a este nível.

Este teste era obrigatório para os alunos do 9.º ano e opcional para os estudantes com idades compreendidas entre os 11 e os 17 anos.

Os melhores resultados registaram-se precisamente entre os que ainda não estavam a frequentar o 9.º ano: 21,1% ficaram nos níveis Pré-A1 e A1; 42,2% ficaram no nível A2 e ao B1 chegaram 36,7% dos estudantes.

“Nós temos níveis preocupantes do domínio da língua inglesa no conjunto muito grande de alunos e isso significa que o modelo que tínhamos até 2011 tem agora de ser mudado”, reconheceu o ministro da Educação, Nuno Crato.

Para o ministro, os dados revelam “dois blocos de alunos": um de alunos que "teve a sorte" de ter tido inglês ao longo de cinco anos de escolaridade e por isso teve bons resultados e um outro que revelou dificuldades "porque no 1.º ciclo teve uma exposição parcelar ao inglês, porque no 2.º ciclo tinha um carácter muito variável e porque no 3.º ciclo uns terão tido inglês e outros não".

Helder de Sousa revelou ainda diferenças consoante as regiões do país, como a região do Tamega onde cerca de 40% dos alunos teve uma nota fraca e a zona de Grande Lisboa, Baixo Mondego, Grande Porto ou Setúbal com cerca de 20% dos alunos com nota fraca.

Recordando o gráfico apresentado pelo IAVE, Nuno Crato sublinhou a necessidade de alterar essa realidade: “Pretendemos que as regiões do país sejam mais homogéneas e para isso temos de introduzir bem o inglês no 1.º ciclo curricular e com professores formados para o efeito”.

No ano letivo de 2015/2016, o ensino do inglês deverá passar a ser obrigatório para os alunos a partir do 3.º ano de escolaridade.