Merkel qualifica como "imperdoável" aliança do seu partido com extrema-direita
6 de fev. de 2020, 13:27
— Lusa/AO Online
"É preciso
dizer que este é um ato imperdoável e, portanto, o resultado (desta
eleição) deve ser cancelado", disse Angela Merkel, com grande firmeza,
durante uma deslocação a Pretória, na África do Sul."Estamos a falar de novas eleições, é uma opção", disse a chanceler.Os
representantes regionais eleitos do partido de Angela Merkel (CDU)
"violaram as convicções fundamentais" do partido democrata-cristão
fundado após o período nazi.Trata-se de "mau dia para a democracia", acrescentou Merkel."Tudo deve ser feito agora para deixar claro que aquilo que CDU acredita não pode ser associado à extrema-direita", referiu.Na
quarta-feira, o partido da chanceler alemã pediu a realização de novas
eleições no estado de Turíngia (leste da Alemanha), após os seus
representantes locais terem concertado a eleição de um novo líder
regional com o apoio da extrema-direita.Pela
primeira vez na história da Alemanha pós II Guerra Mundial, o líder de
um estado regional foi eleito na quarta-feira com o apoio de um partido
de extrema-direita, contados os votos da terceira volta eleitoral.O
candidato do FDP, um pequeno partido liberal, Thomas Kemmerich, foi
hoje eleito presidente do governo regional da Turíngia, no leste da
Alemanha, graças aos votos do partido extremista de direita Alternativa
pela Alemanha (AfD).Após uma eleição muito
disputada e vários meses de negociações, o líder cessante, Bodo
Ramelow, do partido de esquerda radical Die Linke, tentou ser
reconduzido no cargo com o apoio de uma coligação minoritária de
esquerda.Não tendo tido sucesso na
primeira tentativa, numa segunda volta, Ramelow viu-se derrotado por um
voto por Kemmerich, que, numa terceira volta, acabou escolhido para
líder do governo regional com o apoio da AfD.Kemmerich,
de 54 anos, recebeu o apoio surpresa de todos os membros eleitos do
partido Alternativa pela Alemanha, anti-imigração e antissistema, bem
como da maioria dos membros do partido conservador CDU.A
Turíngia é a zona onde o AfD é dirigido por uma ala mais radical do
partido, com protagonismo de Bjorn Hocke, que se destacou por, no
passado, ter defendido o fim da cultura alemã, no momento em que esta
assumiu arrependimento pelos crimes do regime nazi de Adolf Hitler.