Mercosul recusa pedido de Zelensky para discursar na cimeira de chefes de Estado
21 de jul. de 2022, 12:15
— Lusa/AO Online
"Não
houve consenso. Isto foi comunicado ao embaixador ucraniano na
Argentina e no Paraguai pelo próprio ministro dos Negócios
Estrangeiros", afirmou Raul Cano, vice-ministro dos Negócios
Estrangeiros do Paraguai, o país anfitrião da cimeira, sem ficar claro
qual ou quais foram os estados a manifestar a sua oposição ao discurso.Na
última semana, o Presidente ucraniano contactou o seu homólogo
paraguaio, Mario Abdo, para pedir um espaço virtual de participação
durante a cimeira, que arranca esta quinta-feira, depois da reunião
regular do Conselho do Mercosul.Quando o
conflito entre Rússia e Ucrânia teve início, em fevereiro, o Presidente
do Brasil, Jair Bolsonaro, vincou que o seu país permaneceria "neutro".
Bolsonaro tinha viajado para Moscovo para conversações com Vladimir
Putin dias antes da invasão, em 24 de fevereiro. Já
no final de junho, durante uma conversa telefónica com o seu homólogo
russo, Jair Bolsonaro assegurou um compromisso da Rússia de garantir um
fornecimento "ininterrupto" de fertilizantes, uma matéria vital para a
poderosa indústria agroalimentar brasileira. Posteriormente, foi a vez
do Brasil assumir que planeava comprar o máximo de gasóleo que pudesse
da Rússia, apesar da invasão e das sanções da comunidade internacional. Entretanto,
o Presidente argentino, Alberto Fernandez, tinha-se deslocado a Moscovo
para se encontrar com Vladimir Putin no início de fevereiro. No
rescaldo da guerra, Brasil e Argentina abstiveram-se de apoiar uma
declaração da Organização dos Estados Americanos (OEA) que condenava a
invasão russa da Ucrânia. No dia anterior, Alberto Fernandez tinha
lamentado a "escalada belicosa" que levou à guerra. Desde
o início da invasão russa da Ucrânia, Volodymyr Zelensky fez numerosos
discursos virtuais em cimeiras, parlamentos e eventos mediáticos, como
nas reuniões da NATO e do G7, no Congresso dos Estados Unidos e até na
abertura do Festival de Cinema de Cannes.