"Mercadillo" português ajudou autarca-modelo a revolucionar uma pequena aldeia
Todos os primeiros domingos do mês, a pequena aldeia espanhola de Trabanca enche-se de gente num "mercadillo" de produtos portugueses, uma iniciativa do dinâmico autarca local que apostou no gosto espanhol pelo que vem de Portugal.

Autor: Lusa / Ao online
    José Luís Pascual governa uma localidade com apenas 270 habitantes, equivalente a uma freguesia portuguesa, mas consegue atrair um média de 70 mil visitantes por ano, ter emprego para toda a gente, e desenvolver projectos que o estão transformar num "autarca-modelo".

    José Luís lembra-se que, desde sempre, os espanhóis atravessaram a fronteira para comprarem produtos portugueses, pelo que decidiu trocar-lhes as voltas e atrair gente com os produtos portugueses que os conterrâneos tanto apreciam.

    O famoso galo de Barcelos é símbolo português que anuncia em cartazes mercado mensal com roupa, móveis, bacalhau, presunto, ferramentas, artesanato, entre outros produtos.

    Hoje em dia, são já mais de 100 os comerciantes portugueses que participam nesta feira que, em quatro horas, mobiliza uma média de 1500 pessoas oriundas dos maiores centros espanhóis das redondezas, como Zamora, Valladolid ou Salamanca.

    Trabanca fica na província de Salamanca, a trinta quilómetros da fronteira e tem em Mogadouro (Bragança) um dos concelhos portugueses mais próximos e nesta proximidade com Portugal uma alavanca para o desenvolvimento.

    A aldeia que não tinha alojamento nem restaurantes, dispõe agora de oferta diversificada para a procura turística, que ganhou nova dinâmica com a criação do Parque Natural das Arribas del Duero, depois de a margem portuguesa do rio já estar classificada como Parque Natural do Douro Internacional.

    José Luís recebe pouco dinheiro do parque, mas entende que a classificação só por si impulsionou parte importante da dinâmica turística actual, sobretudo as excursões, para as quais contribuem também os vizinhos portugueses.

    Foi José Luís que tomou a iniciativa de falar com os quase 200 colegas de ambos os lados da fronteira para constituírem um dos primeiros agrupamentos europeus de cooperação territorial (Duero/Douro).

    "É para ter acesso directo aos fundos de Bruxelas e a garantia de que o dinheiro para a fronteira vem mesmo para esta zona", disse.

    É na União Europeia que este autarca encontra o grosso das soluções financeiras para os projectos: "temos um orçamento de 70 mil euros e no ano passado gastámos dois milhões de euros", contou.

    Aproveita todos os apoios comunitários disponíveis para o Turismo, emprego, nomeadamente na área do trabalho social, apoios a iniciativas empresariais, como a transformação agro-alimentar, Terceira Idade, juventude e mesmo para as poucas crianças da localidade que dispõem de um serviço de amas.

    O pequeno município dá emprego a mais de 40 pessoas todas com formação superior ou especializada nas mais diversas áreas: desde o turismo, arquitectura, marketing, cuidados de idosos e dependentes, enfermagem, assistência social, engenharia, economia ou direito.

    Não falta também o informático, responsável pela página na Internet com informação aos munícipes e sobre projectos e iniciativas em inglês, espanhol e português.

    "Não estamos à espera, tentamos gerar nós os recursos", afirma do jovem prefeito socialista de Trabanca, que em menos de uma década mudou a face e a dinâmica da aldeia.