Mensagens de burla que chegam às caixas de correio eletrónico são mais elaboradas
27 de out. de 2020, 18:57
— Lusa/AO Online
Intervindo
num seminário ‘online’ organizado pelo Instituto Politécnico de Lisboa,
o inspetor-chefe Dias Ramos, da unidade de Cibercrime da Polícia
Judiciária, apontou que há “técnicas cada vez mais elaboradas” de tentar
enganar através de mensagens de correio eletrónico, nomeadamente as de
“phishing”, que fingem vir de fontes credíveis e confiáveis para
procurar levar as pessoas a darem dados pessoais ou a enviarem dinheiro.Se
antes era mais por causa de erros ortográficos ou utilização de
palavras de outros idiomas ou de Português do Brasil, agora isso
acontece menos porque estão cada vez mais acessíveis ferramentas de
tradução eficazes.Dias Ramos destacou que o
anonimato e a possibilidade de acesso dos burlões não só aos
computadores mas também aos telemóveis, “computadores de bolso” aumentam
as possibilidades de os cibercriminosos conseguirem vítimas.Dias
Ramos assinalou que durante os meses da pandemia, em que aumentou o
número de pessoas em teletrabalho e em contacto virtual através de
plataformas como o Zoom, aumentou também o número de queixas, em cerca
de 300 por cento.O diretor do Departamento
de Sistema de Comunicação e Informação do Politécnico de Lisboa, Pedro
Ribeiro, afirmou que este mês, os sistemas de deteção de ciberameaças da
instituição detetou mais mensagens potencialmente fraudulentas do que
em todo o resto do ano, notando que o volume de mensagens de “spam”
diminuiu durante os meses da pandemia, desde março.Outra
técnica que aumenta é a reutilização por parte dos burlões de mensagens
legítimas do expediente da atividade das entidades que visam “pedir
supostos pagamentos pendentes ou incluem anexos maliciosos para tentar
roubar informação” financeira ou pessoal das vítimas.A
coordenadora do Departamento de Desenvolvimento e Inovação do Centro
Nacional de Cibersegurança, Isabel Baptista, destacou que “a apatia, a
ignorância e a não consciência” dos riscos que se corre só por estar
ligadoà internet são as maiores ameaças.Dias
Ramos notou que quando a PJ faz formação em empresas, por exemplo,
quando se pergunta se existem manuais sobre como lidar ou simulacros de
ataques informáticos, tal como se faz para incêndios ou sismos, “a
resposta é que não, que nunca viram tal coisa”.
“São precisos projetos de capacitação de cidadãos”, referiu Isabel
Baptista, indicando que o Centro a que pertence tem cursos ‘online’ de
educação de cidadãos para estes temas.