Meloni nega que possa recuar na decisão de abandonar iniciativa chave da China
30 de jul. de 2024, 11:16
— Lusa/AO Online
Em visita oficial à
China, Meloni disse à imprensa italiana que a participação do seu país
na iniciativa de Pequim "evidentemente não funcionou", tendo em conta o
défice comercial de Itália com a China e o facto de outros países com
laços comerciais mais intensos com o país asiático não fazerem parte da
iniciativa."A minha decisão foi uma
escolha coerente, mas sempre disse que esta não era a única forma de ter
relações ou de fomentar as relações com a China", acrescentou.Este
domingo, juntamente com o seu homólogo chinês, Li Qiang, Meloni assinou
um plano de três anos para dar um novo impulso às relações bilaterais.
Hoje, Meloni apresentou o pacto como uma "alternativa" à Iniciativa
Faixa e Rota para "reconstruir laços mais estreitos" e "abrir uma nova
fase"."Acredito que as relações devem
também crescer no respeito e na lealdade dos nossos laços económicos e
comerciais", disse a política italiana, que apontou especificamente
acordos para a proteção das denominações de origem ou da propriedade
intelectual.Meloni assinou vários pactos
com a China em matérias como a segurança alimentar, questões ambientais,
educação e veículos elétricos, este último um "acordo-quadro" cuja
implementação dependerá de negociações técnicas.Segundo
a chefe do governo, a Itália pretende "reforçar a cooperação com a
China, mas fazê-lo com o objetivo de reequilibrar a balança comercial",
face a um défice de longa data, e também no âmbito do investimento:
"Atualmente, os investimentos italianos são três vezes superiores aos
investimentos chineses em Itália", sublinhou."Queremos
trabalhar para eliminar os obstáculos ao acesso dos nossos produtos ao
mercado chinês e garantir a igualdade de tratamento das nossas empresas
[na China]", acrescentou.Depois de se
encontrar com o Presidente chinês, Xi Jinping, na segunda-feira, Meloni
viajou para Xangai hoje, onde procurará atrair mais investimentos
chineses - por exemplo, no setor automóvel - para impulsionar o
crescimento económico do seu país.Esta é a
primeira viagem oficial da líder italiana à China e surge após ter
optado por não renovar um acordo com Pequim por mais cinco anos, em
dezembro passado, no âmbito de um programa com o qual a China procura
cimentar a sua influência global.Uma das principais queixas de Roma sobre a iniciativa foi o aumento do défice no comércio com o país asiático.Itália
era o único país do G7, grupo que reúne algumas das maiores economias
do mundo, que assinou um memorando de entendimento no âmbito do programa
chinês.A Iniciativa Faixa e Rota inclui a
construção de portos, linhas ferroviárias ou autoestradas, criando
novas rotas comerciais entre o leste da Ásia e Europa, Médio Oriente e
África.O maior relacionamento entre Pequim
e os países envolvidos abarca um incremento da cooperação no âmbito do
ciberespaço, meios académicos, imprensa, regras de comércio ou acordos
financeiros, visando elevar o papel da moeda chinesa, o yuan, nas trocas
comerciais.Lançada em 2013, pelo
Presidente chinês, Xi Jinping, a iniciativa simbolizou uma mudança na
política externa da China, de um perfil discreto para uma postura mais
assertiva, visando moldar o cenário internacional.