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Médio Oriente: Livre e BE acusam PM de querer “tapar o sol com a peneira” sobre caso das Lajes

Livre e BE acusaram o primeiro-ministro de querer "tapar o sol com a peneira" ao afirmar que "o Governo não interveio em nenhum ato" que possa ser entendido como venda de armamento a Israel.


Autor: Lusa

"Se o senhor primeiro-ministro não consegue dizer nada de bom acerca desta situação, ao menos que não insulte a inteligência das pessoas e não vá dizendo que é diferente. Agora vai-me dizer que é diferente termos vendido uma pistola ou deixarmos passar um caça F-35 que é uma das armas mais letais do mundo", criticou o porta-voz do Livre Rui Tavares.

À margem de uma ação de campanha para as eleições autárquicas de dia 12, no mercado municipal de Loures, Rui Tavares e a dirigente do BE Marisa Matias - em substituição da coordenadora nacional, Mariana Mortágua - foram questionados sobre as declarações de Luís Montenegro, em Chaves, distrito de Vila Real.

Em causa está uma escala na Base das Lajes, nos Açores, de três aeronaves F-35 que foram vendidas pelos Estados Unidos da América a Israel, sem conhecimento prévio do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.

"Lamento muito que o senhor primeiro-ministro faça declarações desse tipo e que procure tapar o sol com a peneira", acusou Tavares.

Marisa Matias subscreveu as palavras do porta-voz do Livre e sublinhou que está em causa "uma situação muito grave, muito séria".

"Porque o que está em causa, a confirmar-se, é de que já depois de todas as avaliações dos crimes cometidos contra a humanidade pelo Estado de Israel, que uma ação ou uma omissão do Governo nos possa ter colocado na lista de cúmplices com o genocídio que está a acontecer", salientou.

A antiga eurodeputada e ex-candidata à Presidência da República considerou a situação “muito grave” e disse esperar que Luís Montenegro esclareça todos os contornos do episódio.

“Até porque o primeiro-ministro exatamente há um ano dizia na Assembleia da República que isto nunca iria acontecer. Aconteceu em abril, não sabemos se aconteceu em março. É preciso esclarecer”, apelou.

Interrogada sobre se o BE já tem mais informações acerca dos quatro portugueses que estão em Israel, nomeadamente a líder bloquista, Mariana Mortágua, Marisa Matias afirmou que, até àquele momento, não tinha dados adicionais.

“O que é muito importante é que sejam feitos esforços para que o mais breve possível possam regressar a Portugal”, acrescentou.

Esta manhã, em Chaves, Montenegro disse não ter conhecimento de qualquer resposta ao protesto formal apresentado pelo Governo pelo tratamento aos ativistas portugueses detidos por Israel.

Os quatro ativistas portugueses que participaram na flotilha humanitária Global Sumud e foram detidos em Israel estiveram "bastante tempo" sem água e comida, motivando um protesto do Governo junto do embaixador israelita em Lisboa, disse à Lusa fonte oficial.

"O relato que foi feito dá nota de que estiveram bastante tempo sem água quando estavam no porto. No centro de detenção já havia água mas não parecia capaz de se beber (embora dissessem que era potável)", adiantou fonte oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).