05 de Outubro
Medina afirma que “não há radicalismo nem populismo que sejam bons para democracia”

O presidente cessante da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, realçou esta terça feira os valores republicanos e democráticos e afirmou que “não há radicalismo nem populismo que sejam bons para a democracia”, porque são “o caminho para a desagregação coletiva”.


Autor: Lusa /AO Online

“O sinal que Lisboa hoje dá, juntando nesta cerimónia oficial de comemoração do 05 de Outubro, na sua Câmara Municipal, o presidente cessante e o presidente eleito, reafirma a democracia e os seus princípios fundamentais, valorizando o que deve ser comum a todos os que a servem e que tem de estar acima das divergências políticas e dos estados de espírito pessoais”, declarou Fernando Medina, no seu discurso na cerimónia comemorativa do 111.º aniversário da Implantação da República, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Lisboa.

O autarca socialista aproveitou ainda para se despedir da presidência do município da capital: “quero renovar o meu profundo agradecimento ao povo de Lisboa pela honra e o privilégio que me deu de o poder servir, como presidente da sua Câmara Municipal, durante seis anos”.

“Despeço-me com sentido de dever cumprido, com reconhecimento e gratidão e desejando a todos que o vão prosseguir, votos do maior sucesso ao serviço de Lisboa e dos lisboetas”, disse o presidente cessante da Câmara de Lisboa.

A cerimónia acontece num momento de transição política na Câmara Municipal de Lisboa, que marca o fim de 14 anos de gestão socialista, primeiro com António Costa (2007-2015) e depois com Fernando Medina, que perdeu as eleições autárquicas de 26 de setembro para o social-democrata Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), que esteve na sessão solene a convite do presidente cessante.

No discurso de celebrado do 05 de Outubro, Fernando Medina defendeu que celebrar “a liberdade, a igualdade, o progresso, a justiça e a dignidade nacional que a República representa” não se trata apenas de evocar um tempo passado, mas também a lição “para combater tudo o que contribui para a erosão da democracia e para a quebra de confiança dos cidadãos nas instituições”.

“Se estas preocupações são válidas para todos os tempos, são-no especialmente para o nosso, um tempo complexo e contraditório da história. Valores civilizacionais que nos habituámos a dar como garantidos e incontestáveis são hoje perigosamente, estridentemente, postos em causa nas democracias e também na nossa”, reforçou o socialista, defendendo que “não há radicalismo nem populismo que sejam bons para a democracia”, porque, “ambos são, pelo contrário, o caminho para a desagregação coletiva”.

O presidente cessante da Câmara de Lisboa apontou também como essencial que o debate político se centre “nas grandes questões nacionais e não se transforme numa disputa de decibéis e manchetes para cuja conquista vale tudo”, realçando como principal desafio o combate às alterações climáticas.

O discurso de Fernando Medina foi também aproveitado para homenagear o antigo chefe de Estado Jorge Sampaio (recentemente falecido), citando o seu discurso, em 2005, no seu último 05 de Outubro como Presidente da República: “a liberdade, a igualdade e a fraternidade são os marcos que definem o quadro essencial da nossa ação política”.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, estiveram presentes hoje nas cerimónias do 111.º aniversário da Implantação da República, assim como a vereação da Câmara Municipal no mandato de 2017-2021 e o presidente eleito da Câmara Municipal de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas.

O social-democrata Carlos Moedas foi eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa, com 34,25% dos votos, nas eleições autárquicas de domingo, ‘roubando’ a autarquia ao PS, que liderou o executivo autárquico da capital nos últimos 14 anos.

Carlos Moedas vai suceder na presidência da Câmara Municipal de Lisboa ao socialista Fernando Medina, que se recandidatou ao cargo na coligação “Mais Lisboa” (PS/Livre).

Segundo os resultados oficiais, ainda provisórios, a coligação “Novos Tempos” (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança) conseguiu sete vereadores, com 34,25% dos votos (83.121 votos); a coligação “Mais Lisboa” (PS/Livre) obteve também sete vereadores, com 33,3% (80.822 votos); a CDU (PCP/PEV) dois, com 10,52% (25.528 votos); e o BE conseguiu um mandato, com 6,21% (15.063).