Medidas são primeira resposta para garantir empresas e empregos
9 de mar. de 2020, 15:47
— Lusa/AO online
Questionado pelos jornalistas no final da
reunião de Concertação Social, em Lisboa, na qual foi anunciado um
pacote de medidas para apoio à tesouraria das empresas e na área do
trabalho e segurança social, Pedro Siza Vieira disse ser ainda “precoce”
fazer projeções económicas, mas garantiu que Portugal está preparado
para dar uma “resposta económica” aos impactos da propagação do novo
coronavírus.“O que queremos assegurar é
que empresas não encerram atividade e não cortam postos de trabalho
durante um período que pode ser brusco, mas curto”, disse o ministro,
referindo-se à diminuição da procura em alguns setores e às atividades
que estão a ser prejudicadas por falta de acesso a matérias primas ou
componentes. “Temos que ir avaliando
permanentemente a situação, dar as respostas em matéria de saúde pública
que se mostrem aconselháveis para conter a propagação da doença e ir
tomando medidas de mitigação do impacto económico à medida que vamos
avaliando a situação”, disse. Entre as
medidas hoje anunciadas aos parceiros, o Governo anunciou a duplicação
de 100 para 200 milhões de euros da linha de crédito para apoio à
tesouraria das empresas e que o pagamento dos incentivos no quadro do
Portugal 2020 será efetuado no mais curto espaço de tempo possível, a
título de adiantamento, se tal se mostrar necessário, uma moratória de
12 meses na amortização de subsídios reembolsáveis no quadro do QREN e
do PT2020, que se vençam até 30 de setembro de 2020.O
executivo anunciou ainda um regime de 'lay-off' simplificado para as
empresas que vejam a sua atividade "severamente afetada devido à
epidemia", por via do qual os trabalhadores terão a garantia de
retribuições ilíquidas equivalentes a dois terços do salário até 1.905
euros, 30% suportado pelo empregador e 70% pela Segurança Social até um
máximo de seis meses.Para Pedro Siza
Vieira, o executivo está concentrado em assegurar a preservação da
capacidade produtiva das empresas, a preservação do emprego e manutenção
da capacidade de recuperar o mais rapidamente possível “assim que a
epidemia fique sob o controlo”. “Do ponto
de vista de apoiar a economia, o melhor que podemos fazer é conter a
propagação da doença. A melhor receita económica nesta altura é lavar as
mãos, tossir para o cotovelo, e seguir as boas práticas e recomendações
da Direção Geral de Saúde”, disse. “Manter
a racionalidade e a frieza na forma como encaramos a situação, sabemos
que não é doença grave, é uma doença contagiosa e queremos conter o
ritmo de contágio […]. Esta é a nossa preocupação”, disse.Os
parceiros sociais que estiveram presentes na reunião de hoje
manifestaram o seu acordo quanto às propostas anunciadas, tendo em conta
sobretudo o compromisso do Governo de monitorizar e avaliar a situação
em permanência. Para o presidente da
Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, João Viera Lopes, o
documento é "globalmente positivo", mas sugeriu algumas medidas
adicionais, tais como a suspensão dos processos de penhora e despejo
sobre as empresas e a contribuição das banca para satisfazer as
necessidades das empresas durante este período. Para
as centrais sindicais, UGT e CGTP, as medidas apresentadas são
positivas e vão ao encontro das necessidades de tesouraria das empresas,
mas com algumas preocupações no sentido de os trabalhadores não poderem
perder qualquer retribuição, quer nos salários quer nos subsídios. Para
o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco
Calheiros, o documento ainda será alvo de análise, mas destacou o facto
de se tratar de um plano "aberto e dinâmico" à medida da evolução da
propagação do novo coronavírus, tendo já pedido uma reunião para
terça-feira com a tutela.Para o presidente
da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, o
conjunto de medidas apresentado é positivo e será avaliado pela CIP,
salientando a necessidade de as iniciativas serem também rapidamente
executadas. Na mesma linha, o
secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP),
Luís Mira, disse que o pacote de medidas apresentando é "bastante
abrangente" e destacou o cenário de incerteza que atualmente existe.