Autor: Lusa/AO Online
No programa "Grande entrevista", da RTP, Mário Centeno afirmou que no atual contexto a “palavra de ordem na tomada de decisões é a adaptação das medidas” e que o foco deve estar em “medidas que sejam adequadas a uma crise que é temporária”.
A crise, que inicialmente se esperava temporária e simétrica, está a mostrar-se não tão temporária e assimétrica, salientou o ex-ministro das Finanças, acrescentando que as “políticas devem adaptar-se a esta assimetria” e “focadas nos setores mais atingidos”.
“Apesar de tudo e felizmente para o conjunto da economia, [a crise] não é igual em todos os setores”, realçou.
“Temos que ir adaptando aos momentos da crise que vivemos”, referiu Centeno, destacando que a política orçamental é a via que pode ser usada para fazer esta distinção e dar mais atenção a determinados setores.
O governador do BdP indicou que as medidas de apoio à economia, na sequência da crise sanitária causada pela pandemia, foram pensadas para serem temporárias e seria “um péssimo sinal” se tivessem de ser eternizadas, desfecho que não considerou ser necessário.
“Há um momento da crise em que temos de começar a dirigir alguns destes recursos para os setores que tem capacidade de crescer e de os absorver”, acrescentou.
Centeno reconheceu
que este é um exercício difícil, “que tem de ser feito de forma
gradual”, a ser iniciado assim que a “economia tenha um horizonte de
crescimento sustentado”, o que neste momento ainda não sucede.