Médicos responsabilizam Governo por falta de planeamento e pedem mais meios
Covid-19
19 de jan. de 2021, 13:41
— Lusa/AO Online
Em comunicado, a
SMZS sublinha que vários hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo
estão “em situação de rutura, sendo incapazes de assegurar o adequado
atendimento de ‘doentes covid’ e ‘não covid’ em tempo útil.Para
o sindicato, a falta de meios humanos, de camas e até de oxigénio tem
levado à acumulação dos doentes em maca, à porta dos hospitais e nas
ambulâncias.“O SMZS responsabiliza a
ministra da Saúde, o Governo e o Presidente da República pela falta
incompreensível e inaceitável do adequado planeamento da resposta a uma
pandemia que dura há vários meses e em que estava anunciado o cenário de
agravamento, e pelo alívio das medidas de contenção da pandemia durante
as festividades da época natalícia, que está na base do elevado número
de mortes e na situação de rutura dos serviços de saúde a que estamos a
assistir”, afirma o sindicato.Na nota, o
Sindicato exorta o Governo a reforçar os meios de resposta à pandemia,
não só nos serviços públicos, mas também requisitando a capacidade
instalada dos serviços privados e do setor social.Na
sequência da situação de rutura nos hospitais, o SMZS aconselha “todos
os médicos a entregarem minutas de escusa de responsabilidade para que
as administrações, e o próprio Ministério da Saúde, se consciencializem
dos graves erros que estão a ser cometidos na gestão da pandemia”.O
SMZS faz também um apelo aos cidadãos para que cumpram as normas e
evitem o contágio de forma a que o Serviço Nacional de Saúde possa
assegurar um atendimento adequado a todos os que dele precisem,
sublinhando que o aumento do número de infeções tem sido responsável por
graves constrangimentos no atendimento nos serviços de urgência
hospitalares. Na nota, o SMZS chama também
a atenção para a crónica falta de profissionais que tem levado ao
aumento do tempo de espera nas urgências e ao agravamento crítico do
estado de saúde dos doentes em espera, além da falta de camas para fazer
face à afluência às urgências que tem resultado na acumulação de
doentes em macas e até em cadeirões.“Com
as urgências cheias, sucedem-se as filas de ambulâncias à porta de
vários hospitais, onde os doentes acabam por ter de esperar várias
horas, sendo necessário os médicos e enfermeiros abandonarem o serviço
de urgência para prestarem cuidados nas ambulâncias, quando lhes é
possível. Esta situação tem levado a indisponibilidade de ambulâncias
para o transporte de doentes, covid e não covid”, adianta o sindicato.O
SMZS diz também ter conhecimento de que vários hospitais “não conseguem
fornecer oxigénio com a adequada pressão aos doentes, problema que
tende a agravar-se nos próximos dias”. Devido
à falta de meios, realça o SMZS, os critérios de atendimento e
internamento em várias unidades “tornaram-se mais restritos, deixando de
fora muitos doentes com dificuldade respiratória e com estados clínicos
potencialmente em agravamento.Toda a situação, segundo o Sindicato, é agravada pelo cancelamento de consultas e cirurgias, incluindo as oncológicas.“Nos
centros de saúde, verifica-se também uma grande dificuldade em
assegurar o atendimento de doentes covid e o habitual acompanhamento de
doentes não covid, com os médicos de família quase exclusivamente
alocados a tarefas de rastreio de contactos e de Trace covid-19”, é
referido.O SMZS diz ainda ter tido
conhecimento de que em vários hospitais estão a ser mobilizados, para o
atendimento a 'doentes covid', médicos de todas as especialidades,
incluindo cirurgia, ortopedia, anatomia patológica, pediatria e
psiquiatria, o que aumenta a possibilidade de erro e compromete a
qualidade dos cuidados prestados e chama a atenção para o estado de
exaustão em que se encontram estes profissionais.