Autor: Lusa/AO Online
Numa carta enviada à ministra
da Saúde hoje divulgada pelo jornal Público, os profissionais de saúde
defendem que este pacote global deve incluir progressões mais rápidas e
uma majoração salarial que incida nas horas extraordinárias.
Pedem igualmente o alargamento dos incentivos aos internos que fazem a formação em zonas ou especialidades carenciadas.
Considerando
que a Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) e as
unidades locais de saúde não têm conseguido resolver o problema das
urgências do SNS, pedem à ministra da Saúde que crie uma comissão de
coordenação das urgências na sua dependência direta para pôr fim ao que
chamam de funcionamento em modo "roleta russa".
Na
missiva, os médicos pedem igualmente o agendamento de uma reunião para
transmitir preocupações, mas também fazem propostas, assegurando que o
movimento não pretende “usurpar quaisquer competências legais das
organizações sindicais médicas ou da Ordem dos Médicos".
Este
movimento de médicos surgiu na sequência da petição pública intitulada
“Manifesto da Insubmissão Médica”, lançada no verão de 2023 e que reuniu
mais de 9.500 assinaturas. O tema foi discutido na Assembleia da
República há cerca de dois meses.
Em agosto
do ano passado, o grupo que coordena o movimento foi recebido pela
ministra da Saúde, mas “face à preocupante agudização da situação a
nível do SNS e da carreira médica”, reclama um novo encontro, escreve o
Público.
Sublinhando a urgência de
resolver a carência de médicos “nas zonas interiores e nas áreas
metropolitanas de Lisboa, Porto e Coimbra”, o movimento recupera as
medidas do Novo Relatório sobre a Carreira Médica, elaborado pela Ordem
dos Médicos em 2022, ainda sob a liderança do então bastonário Miguel
Guimarães (hoje deputado do PSD), para a fixação de médicos em zonas
carenciadas.
Atribuir benefícios fiscais e
envolver mais as autarquias no esforço de fixação dos médicos, através
da disponibilização de alojamento e a redução do imposto municipal sobre
os imóveis (IMI) para quem opta por comprar casa, são outras medidas
propostas.
Na carta, apontam um exemplo: “A
nível da medicina geral e familiar deveria ser recuperado de imediato
um subsídio de fixação concelhio que tivesse em conta o custo médio da
habitação, a dispersão geográfica da população e outros critérios a
definir”.
Os médicos entendem que uma
política de fixação de médicos terá mais êxito se for iniciada nos
períodos da formação geral e da formação especializada, defendendo que a
atribuição dos incentivos deve contemplar os internos que fazem a
formação numa zona ou especialidade carenciadas.
Algumas
das medidas propostas já estão contempladas na legislação que regula os
incentivos para vagas carenciadas, como a majoração dos dias de
férias, um montante para compensar as despesas de deslocação e colocação
no novo local de trabalho, a preferência na escolha do cônjuge em
concursos de recrutamento para a administração pública (desde que tenha
vínculo à função pública), bem como a garantia da transferência de
menores para as escolas da área geográfica da colocação.
Quanto
às urgências, o grupo mostra preocupação com o funcionamento em modo
"roleta russa" no SNS e defende que a DE-SNS e as unidades locais de
saúde têm mostrado uma “chocante incompetência” na gestão destes
serviços e pedem uma comissão de coordenação das urgências que esteja na
dependência direta da ministra da Saúde.