Médicos lamentam que tenham sido as mortes a obrigar Governo a negociar
8 de nov. de 2024, 10:32
— Lusa/AO Online
Em comunicado, a
Fnam diz que a ministra da Saúde “poderia ter ouvido, a tempo e horas”,
o alerta dos profissionais da emergência pré-hospitalar sobre as
insuficiências, bem como as soluções para a melhoria das suas condições
de trabalho e acesso a serviços.“Ao
escolher não o fazer, contribuiu para este desfecho trágico. A Fnam
lamenta as oito vítimas e presta sentidas condolências às famílias”,
escreve a federação.Na nota
divulgada, a Fnam recorda que este ano já ocorreram mais de 40 partos em
ambulâncias, “além de todas as consequências que se têm feito sentir
para os utentes pelas crescentes dificuldades no acesso ao SNS [Serviço
Nacional de Saúde]”.Sublinha que “o
serviço de excelência” prestado pela emergência pré-hospitalar se deve
“à elevada competência e resiliência dos seus profissionais” e lamenta
os “fortes constrangimentos” que esta área tem sofrido, sobretudo
“devido à falta de investimento nos seus recursos humanos e materiais”.“A
ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que não negociava nada com o
sindicato do setor, garante agora que vai negociar tudo, mas podia e
devia ter demonstrado essa disponibilidade a tempo de evitar oito
tragédias”, afirma, referindo-se à falta de resposta da tutela aos
alertas dos técnicos de emergência pré-hospitalar, que acabaram por
entrar em greve às horas extraordinárias no dia 30, uma paralisação
desconvocada na quinta-feira.A Fnam lembra
que Portugal dispunha, até aqui, de “excelentes indicadores de
desempenho”, quer ao nível da emergência pré-hospitalar, quer ao nível
dos cuidados de saúde materno-infantil. “A
falta de competência de quem está a conduzir os desígnios do SNS, está a
perigar os resultados que levaram décadas a construir”, considera a
federação, que exige igualmente “uma negociação séria” com os
profissionais de saúde, rejeitando “medidas de contingência avulsas
definidas pela pressão mediática”.