Médicos internos só vão poder fazer 12 horas semanais de urgência
18 de jan. de 2018, 19:23
— Lusa/AO online
O
secretário de Estado Adjunto e da Saúde anunciou esta quinta-feira à agência Lusa
que o Governo está a finalizar um diploma legal sobre a formação médica
que limita a um máximo de 12 horas semanais o trabalho dos médicos em
formação que fazem urgência, com a possibilidade de fazer um turno extra
de 12 horas. De
acordo com Fernando Araújo, a proposta deve ir em breve a Conselho de
Ministros e segue-se a quase um ano de debate com vários intervenientes
no setor, como sindicatos e ordens profissionais. Atualmente,
os médicos ainda em formação de especialidade não têm limitações de
horas que podem trabalhar em urgência e, segundo o secretário de Estado,
esta medida visa precisamente “evitar o uso excessivo de internos em
horas de urgência”, até porque isso “nem sequer é adequado para a sua
formação”. Esta
alteração introduzida vem colocar num patamar de maior igualdade os
internos e os médicos especialistas, que atualmente já têm um limite de
horas realizadas em urgência.Em
entrevista hoje divulgada pela agência Lusa, o bastonário da Ordem dos
Médicos denunciou o que considera ser uma “exploração ignóbil” e ilegal
dos médicos internos nalguns hospitais.Miguel
Guimarães diz que há hospitais em que os médicos internos estão a fazer
urgência sozinhos, uma situação “completamente ilegal”.O
bastonário avisa que esta situação viola as regras do internato médico,
viola o código deontológico e que “pode ter implicações disciplinares”,
além de não proteger os doentes.A
Ordem pode suspender o internato médico nas unidades em que isto
aconteça e Miguel Guimarães afirma que vai atuar sobre estes casos: “Não
podemos aceitar isto. Pode ter implicações disciplinares para quem
tiver obrigado os médicos internos a fazê-lo. E aí não vou hesitar”.O
bastonário afirma ter relatos de pelo menos três situações em grandes
hospitais, como o São João e o Santa Maria, e adianta que vai verificar
se há outras denúncias junto das secções regionais da Ordem dos Médicos,
uma vez que nem todas as queixas chegam diretamente ao responsável
máximo da Ordem.