Médicos e enfermeiros pedem maior “valorização” em 2021
5 de jan. de 2021, 11:50
— Carolina Moreira
Numa entrevista à Rádio Açores TSF e ao Açoriano
Oriental sobre os principais desafios para este novo ano, o secretário
regional do SIM, André Frazão, defende a “valorização” da profissão
através da “melhoria da qualidade do trabalho e de vida” dos médicos.“Isto
só poderá acontecer através da melhoria da atratividade dos sistemas
nacional e regional de Saúde e através da fixação de mais médicos para
que aqueles que estão ao serviço possam fazer menos trabalho
extraordinário, ter uma carga de trabalho menor e poderem passar mais
tempo com as suas famílias”, ressalva.André Frazão salienta que, em
2021, é necessário “reduzir as horas de trabalho de urgência das 18
horas para as 12 horas, permitindo libertar os médicos hospitalares para
a recuperação de listas de espera de consultas e cirurgias”, algo que
também só será conseguido com “a contratação de médicos especialistas
como anestesistas”, realça.Relativamente aos médicos de família, o
secretário regional do SIM afirma ser necessário “começar a trabalhar na
redução das listas de utentes de cada médico de família para que possam
também eles dar melhor resposta e em tempo mais adequado”.André
Frazão faz ainda questão de afirmar que a profissão de médico foi a que
“mais poder de compra perdeu nos últimos anos”, frisando que espera que
seja possível a “desejada renegociação da grelha salarial a nível
nacional, porque só assim o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o Serviço
Regional de Saúde (SRS) podem voltar a ser minimamente atrativos e não
acontecer aquilo que se viu nos últimos concursos em que um terço das
vagas de recém especialistas ficaram por preencher”.Também Francisco
Branco, presidente da direção regional dos Açores do SEP, defende a
valorização dos enfermeiros em 2021, definindo como prioridades “arrumar
as pontas soltas e pendentes” relativamente à carreira e melhorar o
investimento em recursos nos cuidados primários.“Esperamos que, com o
novo Governo Regional, todas as pontas soltas relativamente ao
descongelamento das carreiras e à contagem dos pontos dos enfermeiros na
função pública fiquem concretizadas”, pede Francisco Branco,
ressalvando que, do ponto de vista jurídico, estas questões estão
concluídas, mas “já lá vão dois meses e meio e na prática nada
aconteceu”.“Também é necessário olhar para os enfermeiros nos
centros de saúde de forma diferente, porque a pandemia ensinou-nos que a
carência de profissionais já não é só nos hospitais”, ressalva o
representante do sindicato.Para Francisco Branco, “é importantíssimo
que os centros de saúde tenham recursos humanos capazes de fazer frente
às necessidades que possam acontecer e que ficou demonstrado que agora
não têm”, frisa.Relativamente ao diálogo com o novo governo, o
representante do SEP nos Açores espera que seja “mais fácil”. “Uma das
nossas queixas face ao anterior executivo era aquela sensação estranha
de que existia um fantasma nas negociações que impedia que estas
avançassem. Estamos a falar da vice-presidência que não permitia aos
secretários regionais da Saúde qualquer tomada de decisão”, relata.Tanto
os médicos como os enfermeiros colocam muita “esperança” na vacinação
em 2021 para que o impacto da pandemia nos serviços de saúde seja
reduzido e “todos possamos voltar um pouco à normalidade”, referem.