Autor: Lusa/AO Online
O esclarecimento, pedido pela Lusa, surge após a Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra ter informado que só foi possível verificar ao final da tarde de domingo que a grávida, que morreu na sexta-feira, se encontrava em acompanhamento nos cuidados de saúde primários da ULS desde julho de 2025.
A ULS Amadora-Sintra justificou a “inexistência de um sistema de informação clínica plenamente integrado, que permita a partilha automática de dados e registos médicos entre os diferentes serviços e unidades”.
“A partilha de informação é crítica para a prestação de cuidados com segurança e qualidade. No Serviço Nacional de Saúde, todos os médicos podem aceder ao processo clínico de todos os utentes, de qualquer Unidade Local de Saúde, através do Registo de Saúde Eletrónico – Área do Profissional”, sublinham os SPMS numa resposta escrita.
Explicam que o Registo de Saúde Eletrónico é constituído por dados clínicos recolhidos eletronicamente para cada cidadão, produzidos por entidades que prestam cuidados de saúde, sejam cuidados primários ou hospitalares.
“Permite o registo e partilha de informação clínica entre o utente, profissionais de saúde e entidades prestadoras de serviços de saúde, de acordo com os requisitos da Comissão Nacional de Proteção de Dados”, adiantam.
Os cidadãos podem aceder através da área pessoal do SNS 24 e os profissionais acedem através da área do profissional.
A SPMS refere que está a finalizar a migração dos sistemas de cuidados hospitalares de suporte ao serviço administrativo e clínico para a Suite Hospitalar - versão 2 do SONHO e SClínico.
“No universo de 42 instituições, apenas quatro entidades ainda não concluíram a migração, um processo determinante para a transição digital da saúde e para o projeto do Registo de Saúde Eletrónico Único”, sublinham.
O presidente da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra demitiu-se na sequência do caso da grávida que morreu na sexta-feira.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, disse aos jornalistas, no Porto, que aceitou o pedido de demissão do presidente da ULS Amadora-Sintra, Carlos Sá.
“No domingo, o senhor presidente do Conselho de Administração da ULS Amadora-Sintra informou-me de que uma parte da informação que me tinha sido dada era incompleta, ou seja, que a informação que eu tinha veiculado não era a informação total porque a grávida tinha, efetivamente, tido consultas de vigilância nos cuidados de saúde primários daquela mesma ULS”, referiu.
A ministra acrescentou ainda: “Exatamente porque esta falha é uma falha que é considerada grave pôs o seu lugar à disposição e eu aceitei a demissão do presidente do conselho de administração”.
Lamentando a morte da grávida e do bebé, a governante explicou que, na sexta-feira, quando estava no debate do Orçamento do Estado para 2026 deu a informação que havia recebido por parte da ULS Amadora-Sintra.
“Foi uma informação que me foi dada, que não me foi só dada a mim, foi dada a todos os portugueses através da comunicação social”, salientou.
Ana Paula Martins assinalou que tem sempre muito cuidado com estas informações porque são informações clínicas e não lhe compete estar a comentar casos clínicos.
Entretanto, Carlos Sá justificou o pedido de demissão, alegando dever ético e responsabilidade pessoal, após análise detalhada dos factos relativos ao caso ocorrido na última semana envolvendo a morte de uma grávida.
No
 domingo, a ULS Amadora-Sintra reconheceu que a grávida de 36 anos 
estava a ser acompanhada nos cuidados de saúde primários desde julho.