Médicos do hospital de Ponta Delgada com valor de trabalho suplementar aumentado
9 de nov. de 2022, 11:07
— Lusa/AO Online
Clélio
Meneses reuniu-se com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM)
para desbloquear a situação que resultava da “indisponibilidade dos
médicos” do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES) para realizar
trabalho complementar devido à diferença de valores praticados em termos
comparativos com o continente e a Madeira.À
saída da reunião com o SIM, em Ponta Delgada, o governante recordou
que, em junho, foi aprovada uma proposta do Governo Regional na
sequência de uma proposta de resolução viabilizada, por unanimidade, no
parlamento dos Açores, relativa a esta matéria.O
secretário regional apontou que “a proposta que o Governo Regional
apresentou tem uma majoração relativamente à remuneração, tendo como
referência o assistente graduado sénior, enquanto a proposta que foi
aprovada no parlamento dos Açores implicava valores inferiores”.“Em
grande parte das horas, há uma diferença de 47 euros [horas de menor
remuneração] e 58 euros [horas de maior remuneração], para além de
outras horas de trabalho diurno, nas primeiras horas, de 37 euros”,
explicou Clélio Meneses.O titular da pasta
da Saúde referiu que “o trabalho suplementar médico deve ser excecional
e tem que ter uma remuneração excecional”, estando a ser desenvolvidos
esforços para dotar os quadros da região com mais médicos, para que o
recurso a este tipo de trabalho “seja claramente excecional”.O
regime de pagamento do trabalhado extraordinário dos médicos “tem a
vantagem de se aplicar durante dois anos nos Açores, enquanto o regime
nacional tem algumas similitudes em relação ao limite das horas, mas
termina já no próximo mês de janeiro”, segundo Clélio Meneses.O
responsável nos Açores pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM),
André Frazão, disse à saída do encontro que ficou a “garantia de, nos
próximos dias, ainda esta semana, haver a publicação de um novo diploma
que assegura o acréscimo nas horas do trabalho suplementar,
aproximando-o do regime da Madeira, ainda assim ficando aquém”. “É
a realidade do que se pode neste momento conseguir, sendo que o
documento de indisponibilidade para prestar mais trabalho suplementar
para lá das 150 horas é individual e cabe a cada qual, em função das
conversas que irão ter nos seus serviços, tomarem as decisões que
acharem mais adequadas”, disse.O
sindicalista referiu que ficou definido um valor no documento que aponta
que “o pagamento das horas extraordinárias aos médicos terá como base
de cálculo o grau de assistente graduado sénior”.O
SIM salvaguardou que “se os médicos fossem mercenários já teriam
colocado a indisponibilidade [para realizar trabalho extraordinário] há
muito tempo” no hospital de Ponta Delgada.O
sindicalista salientou que “há um péssimo ambiente por um conselho de
administração que não dialoga de forma adequada com os médicos e
serviços”, tendo a questão das horas “sido a gota de água”.“O
SIM não pede a demissão de ninguém. O que nós queremos é que os
problemas sejam resolvidos”, afirmou o sindicalista, que referiu que no
HDES, “do ponto de vista do serviço de urgência, se forem mantidas as
indisponibilidades dos médicos para o fazer, naturalmente está em causa o
serviço”.O sindicalista explicou que “na
Região Autónoma da Madeira qualquer hora de trabalho suplementar dos
médicos é paga a 50 euros, enquanto nos Açores, com o novo diploma,
haverão horas que ultrapassam este valor, atingindo os 58 euros, mas
outras que serão pagas a 47 euros, e outras ainda abaixo disso, porque o
indexar o grau da carreira faz com as horas extra não sejam à partida
todas com o mesmo valor”.