Médicos com novo contrato coletivo de trabalho nos Açores
5 de abr. de 2025, 13:06
— Lusa/AO Online
“Tarde
é aquilo que nunca chega. Desde março de 2023 que andamos nesta
caminhada juntos, com altos e baixos, avanços e recuos, mas o mesmo
objetivo de conseguir melhorar as condições de trabalho para os médicos
do Serviço Regional de Saúde e, de forma indireta, melhorar os serviços
que são prestados aos nossos utentes”, afirmou a secretária regional da
Saúde e Segurança Social, Mónica Seidi, na cerimónia de assinatura dos
contratos, que decorreu em Angra do Heroísmo.Segundo
a titular da pasta da Saúde, além dos contratos coletivos de trabalho
assinados hoje, as negociações com os sindicatos permitiram adotar, na
região, um “regime de dedicação plena melhorado”, face ao existente no
continente, e a valorização das carreiras, com a atribuição de 1,5
pontos por ano, que, “na sua totalidade, contabilizam um número de
pontos superior” ao atribuído no resto do país.“Temos de conseguir criar na região algo de diferenciador, que consiga atrair e fixar médicos”, vincou.Entre
as alterações previstas, estão a definição de um teto máximo de 12
horas por semana no serviço de urgência e a contabilização do tempo de
trabalho médico na transição de horários.Os
médicos do Serviço Regional de Saúde dos Açores têm direito a mais um
dia de férias por cada 10 anos de serviço e a mais cinco dias de férias
por ano, se tirados entre janeiro e junho.Nos
Açores, os orientadores têm acesso a um período de quatro a seis horas
por semana para orientar os seus formandos, quando a nível nacional o
máximo são três horas semanais.Os médicos
da região têm direito a mais quatro dias por ano para formação e as
atividades de formação passam a ter mais peso na ponderação curricular
para efeitos da avaliação de desempenho.Os
acordos contemplam o direito ao gozo do descanso compensatório, no caso
do trabalho efetuado aos fins de semana e feriados, e permitem que as
médicas grávidas possam reduzir o período normal de trabalho diário
entre uma a duas horas, em caso de jornada contínua.Os
médicos com contrato individual de trabalho têm posições e níveis
remuneratórios equiparados aos com contrato em funções públicas e têm
direito à contabilização de 1,5 pontos por ano, como já tinha sido
definido para os médicos em funções públicas, num decreto publicado em
outubro.A avaliação de desempenho dos médicos também será alterada e a isenção de horário terá uma retribuição específica.Os
dirigentes sindicais admitiram que ainda há trabalho a fazer para
melhorar a carreira médica na região, mas mostraram-se satisfeitos com o
acordo alcançado.“Entendemos que é uma
mais-valia, não só para os médicos, mas para a população dos Açores.
Traz novas atratividades que podem fixar médicos à região e sabemos
todos que fazem muita falta”, afirmou André Frazão, do Sindicato
Independente dos Médicos (SIM).Segundo o
dirigente sindical, o acordo alcançado resulta “de uma negociação muito
difícil, mas muito leal, que chegou felizmente a bom termo”.Também Hugo Esteves, do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, considerou que o acordo terá impacto na vida e na saúde dos cidadãos.“O
acordo que aqui hoje assinámos é mais um avanço no sentido da melhoria
das condições do exercício profissional dos médicos e, por essa via,
também, da melhoria dos cuidados de saúde prestados aos açorianos e às
açorianas”, apontou.O dirigente sindical
defendeu que o progresso na área da saúde se faz “a partir da
concertação social e não do estéril conflito permanente, do isolamento
das organizações ou também, às vezes, do 'quero, posso e mando'
unilateral de alguns governos”.