Médico disposto a largar tudo em Portugal para ir combater ao lado do seu povo
Ucrânia
28 de fev. de 2022, 18:05
— Lusa/AO Online
Igor Pidgirnyi foi
uma das vozes que se fez ouvir na manifestação promovida pelo Centro
Hospitalar Universitário Lisboa Central (CHULC) de apoio ao povo
ucraniano e, em particular, a todos os profissionais de saúde daquele
país invadido pela Rússia.Nascido na
antiga União Soviética, o médico chegou a fazer parte do exército
daquele país que viria a desmembrar-se com o fim da guerra fria em 1991.“Nasci
lá, estive no exército União Soviética e para eles a vida de uma pessoa
não é nada, as pessoas não existem e, portanto, como não há pessoas,
não há problema. Por isso, tudo o que eles fazem é para matar”, disse
com indignação.Observou que, enquanto
todos os países apostam no desenvolvimento de novos tratamentos para
doenças como o cancro, “a Rússia é o único país na Europa que só fala em
guerra”. “É um país que não se preocupa
com a vida das pessoas e isto tem que parar”, frisou o médico vestido
com bata branca, em frente ao Hospital São José, em Lisboa, onde exerce.Igor
Pidgirnyi saudou o facto de “o mundo” ter despertado para esta
situação: “Se não fosse a ajuda do mundo inteiro a Ucrânia se calhar
seria uma nova colónia”, disse, deixando uma palavra de agradecimento a
todos o que estão a apoiar o seu país.“Espero
que esta guerra acabe brevemente com a vitória, que não é só ucraniana,
mas do mundo inteiro, contra um diabo”, salientou o médico, acompanhado
de outros profissionais de saúde também ucranianos.“Os
ucranianos são um povo que gosta de verdade” com uma história de
milhares de anos ligada a guerra: “Tivemos anos piores, anos melhores,
mas o povo ucraniano nunca vai aceitar ser uma nova colónia”. Por isso, garantiu, “todos vamos lutar até ao fim, até morrer”.Apesar
de estar a viver há muitos anos em Portugal e de considerar-se já “mais
português do que ucraniano”, Pidgirnyi disse gostar muito do seu país e
estar disposto a juntar-se ao seu povo para combater o inimigo.“Tenho
um filho e a minha família que estão lá a lutar. Eu também estou daqui a
lutar com toda a força”, mas, vincou, “se for preciso também vou para
lá, como muitas pessoas já foram para combater, para travar, esta
guerra”.No seu entender, “é preciso todos
terem a cabeça fria para tentar tirar as armas nucleares de lá, porque
se não tirarem, nunca vão ficar em paz”.