Autor: Ana Carvalho Melo
A francesa Anne Bruyere é a criadora de “The moon paper”, trabalhos em
papel onde destaca a importância do uso dos materiais naturais,
valorizando a componente orgânica desta matéria-prima.
Anne Bruyere está ligada aos Açores há mais de duas décadas, primeiro como destino de férias, mais tarde como local para viver onde geriu uma casa de hóspedes, até que aos 65 anos se decidiu dedicar à arte em papel.
“Decidi vir para Ponta Delgada e montar um estúdio onde posso fazer as minhas criações, o que me dá imenso prazer e me permite comunicar com as pessoas, o que é muito importante para mim”, contou.
Atualmente os seus trabalhos estão expostos na Galeria Brüi na Rua da Água, 48, local onde também promove sessões criativas para o público em geral que têm como objetivo a partilha do processo de produção de papel.
Segundo a artista, a escolha do papel como meio de expressão surgiu após a realização de formação com especialistas na produção deste material.
“No meu trabalho de criação sempre gostei de usar técnicas diferentes como a pintura, a tinta da china, a tapeçaria, as colagens, as esculturas, mas depois parei quando tinha a casa de hóspedes. Entretanto fiz um workshop de papel como um historiador do papel mexicana no qual aprendi imenso sobre as técnicas para fazer papel. Mais tarde fiz outro workshop com um grande artista francês que trabalha em papel em que aprendi outras técnicas . E desta forma o papel tornou-se a minha técnica principal”, contou.
Com estes conhecimentos a artista dedicou-se a
criar, a partir dos mais diversos materiais, papel que depois
transforma em obras de arte que agora estão apresentadas na Galeria
Brüi.
Como explicou nas suas criações é dada prioridade às plantas invasoras como as conteiras ou canas, assim como a resíduos orgânicos como folhas de cebolas, ramos de alho, folhas de alho francês ou outros materiais da horta. Mas também bambu, papiro, vetiver, algas, erva príncipe ou líquenes são usados na produção de papel.
“Eu estou muito
ligada à natureza e às plantas e a base do papel das plantas”, afirmou,
explicando que no seu trabalho criativo colhe as plantas que coze para
fazer a pasta que posteriormente dá origem ao papel, num trabalho lento e
delicado que lhe permite libertar a sua imaginação e produzir as mais
diferentes criações.
Anne Bruyere promove sessões criativas
Na Galeria Brüi na Rua da Água, 48, Anne Bruyere realiza até ao final do mês sessões criativas. Nestas
sessões os participantes têm oportunidade de descobrir o processo de
produção de papel artesanal, assim como de aprender algumas técnicas
para trabalhar este material.
No final do mês, e caso a pandemia o
permita, está programado um evento “A Festa dos crepes e do papel” para
apresentação dos trabalhos que têm vindo a ser realizados, nas sessões
que decorem às terças, quartas e quintas-feiras, entre as 15h e as 19h
na Galeria.