Marta Temido realça que investigação do cancro é uma prioridade da União Europeia
3 de mai. de 2021, 11:39
— Lusa/AO Online
“O cancro é a segunda
principal causa de mortalidade nos Estados-membros, logo a seguir às
doenças cardiovasculares. Só no ano 2020, 2,7 milhões de pessoas foram
diagnosticadas com cancro e 1,3 milhões morreram devido à doença na
União Europeia. Os últimos anos tornaram claro que as autoridades
públicas de saúde, por si só, não conseguem enfrentar os desafios
sanitários, sociais e económicos crescentes associados ao cancro”,
afirmou.Numa intervenção na abertura da
Cimeira Europeia de Investigação na Área do Cancro 2021, organizada pelo
Porto Comprehensive Cancer Center (P.CCC) no âmbito da Presidência
Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), a governante realçou a
“abordagem moderna” do Plano Europeu de Luta Contra o Cancro, que
centrou a resposta comunitária na aposta na investigação e no
desenvolvimento tecnológico ao serviço do doente.“Investir
em investigação é instrumental no fornecimento de melhores diagnósticos
e perspetivas para os doentes. Novas soluções digitais, inteligência
artificial e mudança de paradigmas de investigação, focados em dados
reais e nos resultados dos doentes, vão ajudar a atingir estes
objetivos”, observou, sublinhando: “Promover investigação é uma
prioridade para a UE. Investir em investigação aumenta autonomia e
promove crescimento económico”.A nível
nacional, Marta Temido reiterou que “Portugal está comprometido com a
investigação clínica” e que esse grau de compromisso é visível no
“aumento de 77% de novas submissões para ensaios clínicos recebidos” nos
últimos quatro anos pela Comissão de Ética para a Investigação Clínica
(CEIC). A ministra da Saúde disse que o
país vai ter de continuar a dar acesso a ensaios clínicos a portugueses
com cancro e a investir na formação dos profissionais de saúde,
otimização dos recursos dos centros para o cancro e o desenvolvimento
eletrónico dos sistemas de informação”. E a
ministra da Saúde fez ainda questão de notar que, “como a pandemia
demonstrou, colaboração e fortes redes de investigação foram
essenciais”, pelo que uma “cooperação reforçada vai permitir à Europa
manter tratamento e investigação de alta qualidade no cancro, mesmo
durante um evento adverso como a pandemia”.Já
a comissária europeia para a Saúde e Segurança Alimentar, Stella
Kyriakides, lembrou que o continente tem cerca de 25% dos casos de
cancro no mundo, apesar de ter menos de 10% da população mundial, o que,
no seu entender, reflete a “enorme ameaça à sociedade e à economia”
comunitárias.“Ou fazemos algo ou a ameaça
vai crescer. Somos capazes de inverter esta tendência, mas temos de
tomar medidas urgentes, decisivas e ambiciosas”, sublinhou a dirigente
europeia, que identificou o Plano Europeu de Luta Contra o Cancro como
um “fator de mudança”, ao introduzir uma “abordagem holística” na
resposta à doença, “desde a prevenção à qualidade de vida dos pacientes e
dos sobreviventes”.Stella Kyriakides
encerrou a sua intervenção por videoconferência no evento a decorrer no
Porto com a defesa do investimento europeu na área da saúde, assegurando
que “o programa para a Saúde na UE e outros instrumentos europeus vão
providenciar um apoio financeiro de mais de quatro mil milhões de euros a
estados-membros e outros agentes” para a construção de um sistema de
saúde mais resiliente e para a redução da dor causada pelo cancro.