Marques Mendes recusa que solução governativa dos Açores seja replicável nacionalmente
20 de jul. de 2021, 10:36
— Lusa/AO Online
“É
uma solução legítima e decidida por órgãos próprios, não me parece é
que seja uma solução replicável para o plano nacional. Este é que é o
ponto. Acho pessoalmente, do ponto vista analítico, que não é uma
solução de hoje para amanhã replicável no plano nacional”, afirmou, em
Ponta Delgada, após uma reunião com o presidente do Governo Regional.Questionado
pelos jornalistas com declarações de novembro de 2020, quando criticou o
acordo parlamentar entre o PSD e o Chega nos Açores, Marques Mendes
considerou aquele acordo uma “solução ditada pelos princípios da
autonomia regional”, que não é replicável a nível nacional.Instado a concretizar, o antigo líder do PSD referiu que as circunstâncias nacionais e regionais “são complemente diferentes”.“As
circunstâncias são completamente diferentes e, portanto, no plano
nacional esta solução não é evidentemente replicável. Acho que é, de
resto, um facto que quase não carece de prova. É uma coisa de uma
evidência total, é a minha opinião”, apontou.Marques
Mendes falava na sede da Presidência do Governo dos Açores, após
ter-se reunido com o presidente do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), o
social-democrata José Manuel Bolieiro.Em
novembro de 2020, enquanto comentador da SIC, Luís Marques Mendes disse
que a “perceção” nacional sobre o acordo entre o PSD e o Chega nos
Açores “envenena o PSD”, sendo um “passaporte” para o partido “perder
eleitores” e uma “avenida para o crescimento do Chega”.Segunda-feira, Marques Mendes deu “três exemplos notáveis” para elogiar a “ação política” do governo de Bolieiro.“Primeiro,
as decisões tomadas no domínio fiscal, de baixar gradualmente a carga
fiscal sobre os açorianos, que é uma medida estratégia essencial que
tenho pena que não seja adotada no plano nacional, que é fundamental
para atrair investimento”, disse.O
conselheiro de Estado deu ainda o exemplo da criação da Tarifa Açores,
que considerou "extremamente inovadora" por permitir aos residentes
viajarem via área entre as ilhas por 60 euros. Marques
Mendes elogiou também a “estabilidade do corpo docente” promovida pelo
Governo dos Açores, referindo-se à abertura de 243 vagas nos quadros de
ilha para os professores da região.O
presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, garantiu hoje
que os acordos parlamentares que sustentam o executivo estão
“perfeitamente estáveis”, apesar de o Chega ter perdido um deputado na
Assembleia Regional.Na
quarta-feira, o ex-líder do Chega/Açores Carlos Furtado revelou que ia
passar à condição de deputado independente, sem renunciar ao mandato,
como pretendia o líder nacional do partido, André Ventura, que naquele
dia lhe retirou a confiança política.Uma
vez que o Chega assinou um acordo de incidência parlamentar com a
coligação que suporta o Governo dos Açores, o PS, o PAN e a IL pediram a
intervenção do Representante da República na região, Pedro Catarino.José Manuel Bolieiro revelou ter falado com Pedro Catarino, mas
reiterou não existirem razões para a intervenção do Representante da
República.PSD,
CDS-PP e PPM, que juntos elegeram 26 deputados nas eleições regionais
de 2020, assinaram um acordo de governação e um acordo de incidência
parlamentar com o Chega, que alcançou dois mandatos no sufrágio.O
PSD assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Iniciativa
Liberal (IL), pelo que, com o apoio dos dois deputados do Chega, a
coligação de direita somava 29 deputados na Assembleia Legislativa dos
Açores.Estando
em causa um número suficiente para atingir a maioria absoluta (o PS
elegeu 25 deputados, o BE dois e o PAN um), o representante da República
indigitou José Manuel Bolieiro como presidente do Governo Regional, no
dia 07 de novembro de 2020.