Mariupol tem víveres para três dias, segundo deputado
Ucrânia
9 de mar. de 2022, 15:33
— Lusa/AO Online
Dmitro
Gurin, um parlamentar cujos pais continuam em Mariupol, descreveu em
declarações à estação pública britânica BBC uma situação humanitária
muito precária na cidade que as forças russas querem controlar para
fechar o acesso marítimo da Ucrânia ao exterior.Depois
de falar com o gabinete do presidente da câmara de Mariupol, Gurin
indicou que os cadáveres se amontoam nas ruas e que as autoridades estão
a abrir valas comuns para os enterrar, já que é impossível sepultar os
mortos individualmente devido aos bombardeamentos constantes.Com
as morgues sobrelotadas e muitos cadáveres por recolher nas casas, foi
escavada uma vala funda com cerca de 25 metros de comprimento num dos
mais antigos cemitérios do centro da cidade. Os assistentes sociais
apareceram hoje transportando 30 corpos envoltos em tapetes ou sacos, e
na terça-feira, levaram outros 40.Entre os
mortos enterrados nas valas comuns, há vítimas civis dos
bombardeamentos à cidade, bem como alguns soldados. Funcionários dos
serviços sociais municipais têm também ido recolher cadáveres em casas
de habitantes da cidade, incluindo de alguns civis que morreram de
doença ou causas naturais. Não houve qualquer cerimónia, nem familiares a
despedir-se.O deputado ucraniano Dmitro
Gurin denunciou que o exército russo está “a arrasar” a cidade do
sudeste da Ucrânia com os seus mísseis e alertou que, na sua opinião, “a
Terceira Guerra Mundial já começou”, pelo que os países ocidentais não
deveriam hesitar em decretar uma zona de exclusão aérea nos céus
ucranianos.“A única dúvida em relação a
quando [outros exércitos] se juntarão [à Ucrânia] é quantos ucranianos
terão morrido numa semana”, disse Gurin, antes de recordar que “o Reino
Unido já teve que tomar esta decisão há 80 anos”, com a sua entrada na
Segunda Guerra Mundial.Apesar de tudo, a
Ucrânia abriu hoje seis corredores humanitários para a retirada de
civis, depois de ter conseguido um cessar-fogo com o Governo russo
nessas zonas, incluindo a de Mariupol e Zaporiyi.