Mário Ferreira pede para ser constituído arguido após buscas nas suas empresas
6 de jul. de 2022, 17:38
— Lusa/AO Online
Numa carta
enviada pelo seu advogado ao Departamento Central de Investigação e
Ação Penal (DCIAP) e hoje divulgada, Mário Ferreira recordou as buscas
de hoje nas “sociedades Pluris Investment, S.A., Mystic Invest, S.A. e
Mystic Cruises, S.A.,” das quais é “o principal acionista e
administrador”, acrescentando que, segundo a comunicação social, o
comunicado do DCIAP e os mandatos de busca “está em causa mais um
processo relacionado com a venda do navio Atlântida”.“Pelo
menos desde as buscas realizadas a 29 de abril de 2016, inclusive na
sua residência”, prossegue a carta, “que a existência destes processos
tem sido utilizada por diversas pessoas para, na comunicação social,
lançarem suspeitas e, inclusivamente, proferirem verdadeiros atentados
contra a honra do requerente [Mário Ferreira], com especial destaque
para as afirmações recorrentes da Senhora Dra. Ana Gomes”. Segundo
o documento, “desde 2016, o requerente nunca foi ouvido no âmbito de
qualquer um destes processos, nem sequer lhe foi dirigido qualquer
pedido de informação ou de documentos, nem muito menos lhe foi movido, a
si/ou às empresas agora buscadas qualquer processo pela Autoridade
Tributária relacionado com a aquisição e posterior venda do navio
Atlântida”, garantiu.O empresário diz
ainda, segundo a carta, que “sempre se manifestou disponível para
colaborar com a Justiça e, embora respeite sem reservas a autonomia e
independência do Ministério Público e dos órgãos de Polícia Criminal,
não pode deixar de estranhar e lamentar que, desde 2016 até ao presente,
se tenha chegado a este ponto e que o seu nome esteja novamente a ser
injustamente denegrido na Comunicação Social”, sem que, alguma vez tenha
“sido chamado a explicar o que quer que seja”.“Por
estas razões, por lhe ser intolerável continuar a suportar as
ignomínias de que tem sido alvo e continuará a ser e pela
responsabilidade que lhe advém dos cargos que ocupa e do papel que
assume no tecido empresarial, não resta ao requerente outra alternativa
que não a de requerer a sua constituição como arguido”, adianta, pedindo
às autoridades que tomem “as suas declarações com brevidade”. “Ao
fim de oito anos e desde o surgimento das primeiras insinuações
públicas, nunca me foi dada a oportunidade para ser ouvido no âmbito
deste processo”, diz Mário Ferreira, numa declaração hoje divulgada.O
empresário salienta que esta é uma “situação intolerável e que muito
contribuiu para o empolamento deste caso”, indicando que dava assim
“conhecimento público” da carta esta tarde endereçada pelo seu advogado
ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal a manifestar a sua
“total e imediata disponibilidade para colaborar com a Justiça, no
sentido de esclarecer cabalmente todos os factos que julguem
convenientes”.O Ministério Público e a
Autoridade Tributária realizaram hoje buscas no Porto, Funchal e ainda
em Malta numa investigação sobre a venda de um ferry (navio Atlântida) a
uma sociedade com sede em Malta.Fonte
judicial confirmou à Lusa que uma das empresas alvo de buscas é Douro
Azul, do empresário Mário Ferreira, e que em causa está o negócio de
compra em 2014 do navio Atlântida aos estaleiros navais de Viana do
Castelo e a sua posterior venda no ano seguinte a uma empresa com sede
em Malta.O Grupo Mystic Invest/Douro
Azul tinha já manifestado "tranquilidade e total disponibilidade" para
esclarecer as autoridades e facultar o "pleno acesso" à documentação e a
uma auditoria interna sobre o negócio do navio Atlântida.