Mário Centeno nomeado governador do Banco de Portugal
16 de jul. de 2020, 16:16
— Lusa/AO online
O anúncio foi feito aos jornalistas pela ministra da Presidência,
Mariana Vieira da Silva, após uma reunião do Conselho de Ministros, que
começou às 09:30, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa. Questionada pela Lusa, a governante adiantou que Mário Centeno assume as novas funções na próxima segunda-feira.
A escolha de Centeno para o cargo foi polémica, pelo facto de este
responsável passar quase diretamente do Ministério das Finanças (onde
foi ministro até junho) para o Banco de Portugal, quando em 09 de junho
foi aprovado no parlamento, na generalidade, um projeto do PAN que
estabelecia um período de nojo de cinco anos entre o exercício de
funções governativas na área das Finanças e o desempenho do cargo de
governador. Contudo, em 17 de junho a
esquerda parlamentar (PCP e BE, sendo já sabido que PS era contra)
demarcou-se da intenção do PAN de estabelecer esse período de nojo e, em
25 de junho, o parlamento suspendeu por quatro semanas a apreciação na
especialidade do projeto do PAN até chegar o parecer pedido ao Banco
Central Europeu (BCE). No mesmo dia, o
primeiro-ministro, António costa, escreveu ao presidente da Assembleia
da República a comunicar a proposta do Governo para nomear o ex-ministro
das Finanças Mário Centeno para o cargo de governador do Banco de
Portugal. Carlos Costa terminou em 08 de
julho formalmente o segundo mandato como governador do Banco de
Portugal, mas mantém-se em funções até à tomada de posse do sucessor.
Mário Centeno nasceu no Algarve em 1966 e licenciou-se em economia no
ISEG, em Lisboa (onde chegou a professor catedrático). Depois de
regressar de Harvard com um doutoramento, em 2000, ingressou no Banco de
Portugal, no qual foi economista, diretor-adjunto do Departamento de
Estudos Económicos e consultor da administração.
Entre novembro de 2015 e junho de 2020 foi ministro das Finanças dos
dois governos PS liderados por António Costa. Foi eleito presidente do
Eurogrupo, o grupo de ministros das Finanças da zona euro, e levou as
contas públicas portuguesas ao primeiro saldo positivo em democracia,
mais concretamente desde o ano de 1973.
Contudo, o seu percurso também foi feito de polémicas (em 2017, o caso
das trocas de SMS com o gestor António Domingues, da Caixa Geral de
Depósitos, o que originou uma comissão parlamentar de inquérito, e mais
recentemente com o primeiro-ministro sobre a injeção de capital no Novo
Banco) e a sua saída foi criticada por quadrantes políticos que o
acusaram de abandonar o barco no meio da tempestade provocada pela
covid-19.