Mário Centeno inicia funções como governador do Banco de Portugal
20 de jul. de 2020, 11:48
— Lusa/AO Online
O anúncio da aprovação da
nomeação de Mário Centeno para governador do BdP, sob proposta do
ministro das Finanças, João Leão, foi feito aos jornalistas no final da
reunião do Conselho de Ministros, em Lisboa.A
cerimónia de apresentação pública do novo governador do Banco de
Portugal, Mário Centeno, decorrerá hoje, pelas 11:30, no Ministério das
Finanças, em Lisboa.Mário Centeno sucede a
Carlos Costa, cujo segundo mandato terminou em 08 de julho, depois de
10 anos à frente daquela instituição.A
escolha de Centeno para o cargo foi polémica, pelo facto de este
responsável passar quase diretamente do Ministério das Finanças (onde
foi ministro até junho) para o BdP, quando em 09 de junho foi aprovado
no parlamento, na generalidade, um projeto do PAN que estabelecia um
período de nojo de cinco anos entre o exercício de funções governativas
na área das Finanças e o desempenho do cargo de governador.Contudo,
em 17 de junho a esquerda parlamentar (PCP e BE, sendo já sabido que PS
era contra) demarcou-se da intenção do PAN de estabelecer esse período
de nojo e, em 25 de junho, o parlamento suspendeu por quatro semanas a
apreciação na especialidade do projeto do PAN até chegar o parecer
pedido ao Banco Central Europeu (BCE). No
mesmo dia, o primeiro-ministro, António Costa, escreveu ao presidente da
Assembleia da República a comunicar a proposta do Governo para nomear
Mário Centeno para o cargo de governador do BdP.Carlos Costa terminou em 08 de julho formalmente o segundo mandato como governador, mas manteve-se em funções.Mário
Centeno nasceu no Algarve em 1966 e licenciou-se em economia no ISEG,
em Lisboa (onde chegou a professor catedrático). Depois de regressar de
Harvard com um doutoramento, em 2000, ingressou no BdP, instituição na
qual foi economista, diretor-adjunto do Departamento de Estudos
Económicos e consultor da administração.Entre novembro de 2015 e junho de 2020 foi ministro das Finanças dos dois governos PS liderados por António Costa. Foi
eleito presidente do Eurogrupo, o grupo de ministros das Finanças da
zona euro, e levou as contas públicas portuguesas ao primeiro saldo
positivo em democracia, mais concretamente desde o ano de 1973.Contudo,
o seu percurso também foi feito de polémicas (em 2017, o caso das
trocas de SMS com o gestor António Domingues, da Caixa Geral de
Depósitos, o que originou uma comissão parlamentar de inquérito, e mais
recentemente com o primeiro-ministro sobre a injeção de capital no Novo
Banco) e a sua saída foi criticada por quadrantes políticos que o
acusaram de abandonar o barco no meio da tempestade provocada pela
covid-19.