Marinha vai recorrer da anulação pelo tribunal da suspensão a 11 militares do NRP Mondego
20 de dez. de 2024, 11:39
— Lusa/AO Online
Num comunicado, a Marinha
sublinhou que o acórdão conhecido "ainda não transitou em julgado e
será objeto de recurso por parte da Marinha"."A
maioria dos processos relacionados com este caso tem tido desfechos
favoráveis à Marinha, com decisões proferidas tanto por este tribunal
como por outras instâncias", pode ler-se.Este
ramo das Forças Armadas frisou ainda que este "processo em questão diz
respeito ao castigo aplicado pelo Comandante Naval, e não pelo Chefe do
Estado-Maior da Armada", o almirante Henrique Gouveia e Melo.Num
acórdão a que a agência Lusa teve acesso, o Tribunal Central
Administrativo Sul deu razão aos militares alvo de penas disciplinares
de suspensão de serviço entre os 10 e os 45 dias (11 em 13 militares).A 11 de março de 2023, o NRP Mondego falhou uma missão de acompanhamento
de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, no arquipélago da
Madeira, após quatro sargentos e nove praças se terem recusado a
embarcar, alegando razões de segurança.Na
sua decisão, o tribunal refere que um oficial participou na instrução do
processo disciplinar tendo também participado na cadeia de eventos do
NRP Mondego, o que não devia ter ocorrido.Os
militares foram "ouvidos na qualidade de arguidos não constando,
contudo, das atas de tomada de declarações que tenham sido informados,
como se impunha, pelo oficial instrutor dos direitos e deveres que lhes
assistiam, nomeadamente dos invocados direito à constituição de defensor
e direito ao silêncio", pode ler-se no acórdão.Também
não foi dado o contraditório aos militares "após a realização de
diligências complementares de prova executadas depois de apresentada a
defesa", o que significa uma "inquestionável violação do princípio do
contraditório".A Marinha participou na
altura o sucedido à Polícia Judiciária Militar (PJM), em Lisboa, no
âmbito de inquérito criminal e instaurou processos disciplinares, que
resultaram em suspensões entre 10 e 90 dias a 13 militares do NRP
Mondego.Em abril, a Marinha sublinhou
também, em comunicado, que "durante a elaboração do processo disciplinar
foi afastada, pelos tribunais administrativos, a suspeição sobre
imparcialidade levantada pelos militares relativamente ao Comandante da
Zona Marítima da Madeira, na qualidade de oficial instrutor do processo,
e ao Comandante Naval, na qualidade de entidade com competência
disciplinar".Em junho de 2023, a defesa
dos 13 marinheiros tinha requerido o afastamento do instrutor do
processo disciplinar aberto pela Armada, alegando que esteve envolvido
nos factos, o que comprometeria a sua imparcialidade.Os
militares foram acusados pela Marinha de "desobediência a uma ordem" e
de terem feito "sair determinado tipo de informação para uma associação
militar".Num relatório de inspeção
elaborado por uma equipa constituída para o efeito pela Marinha, dias
após a recusa dos militares, concluiu-se que o 'Mondego' podia navegar
em segurança, embora seja referida a existência de "fissuras na
estrutura" do navio, "falta de estanqueidade", "dificuldades de esgoto
da casa das máquinas" e "incapacidade de separação de águas e óleos".