Marinha falhou missão de acompanhamento de navio russo após 13 militares terem recusado embarcar
14 de mar. de 2023, 08:46
— Lusa/AO Online
Esta informação foi transmitida à agência Lusa por fonte da Marinha. Esta
ação levou a Marinha a considerar que os 13 operacionais “não cumpriram
os seus deveres militares, usurparam funções, competências e
responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos”.“Estes
factos ainda estão a ser apurados em detalhe, e a disciplina e
consequências resultantes serão aplicadas em função disso”, referiu a
Marinha, numa nota enviada à agência Lusa.De
acordo com um documento elaborado pelos 13 militares em questão, a que a
Lusa teve acesso, no sábado à noite o NRP Mondego recebeu ordem para
“fazer o acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo”, numa
altura em que as previsões meteorológicas "apontavam para ondulação de
2,5 a 3 metros”.Segundo estes 13
militares, o próprio comandante do NRP Mondego “assumiu, perante a
guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações
técnicas” do navio. Entre as várias
limitações técnicas invocadas pelos militares constava designadamente o
facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem
inoperacionais.Acrescia ainda, de acordo
com os 13 militares, que o navio “não possui um sistema de esgoto
adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo, ficando estes
acumulados nos porões, aumentando significativamente o risco de
incêndio”.Na nota enviada à agência Lusa, a
Marinha confirma que o NRP Mondego estava com “uma avaria num dos
motores”, mas refere que a missão que ia desempenhar era “de curta
duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas”.Aquele
ramo das Forças Armadas refere ainda que o comandante do navio reportou
que, “apesar das limitações mencionadas, tinha condições de segurança
para executar a missão”.Segundo a Marinha,
a decisão do comandante do navio foi feita apesar de o Comando Naval
lhe ter dado liberdade para abortar a missão “em caso de necessidade
superveniente”. A Armada sublinha que a
“avaliação das prioridades das missões e estado do navio segue uma linha
hierárquica bem definida e estruturada”, sendo que “cabe apenas à
Marinha, e à sua linha hierárquica, a definição de quais os navios em
condições de cumprir com as missões atribuídas”.No
que se refere às limitações técnicas do NRP Mondego, a Marinha refere
que os navios de guerra “podem operar em modo bastante degradado sem
impacto na segurança”, uma vez que têm “sistemas muito complexos e muito
redundantes”.“Essa avaliação, mais uma
vez, pertence à linha de comando e à Superintendência do Material,
enquanto entidade técnica responsável. Ambas as entidades não
consideraram estar o navio inseguro para navegar”, indica a Marinha. Aquele
ramo das Forças Armadas acrescenta ainda que “as guarnições dos navios
são treinadas para operar em modo degradado, estando preparadas para
lidar com os riscos inerentes, o que faz parte da condição militar”.