Marinha cede navio desativado para criação de recife nos Açores
8 de jun. de 2021, 09:51
— Lusa/AO Online
Foram assinados os
protocolos de cedência do navio desativado Schultz Xavier, bem como o
memorando de entendimento entre o Governo Regional dos Açores e a Parley
Foundation For the Oceans, que irá criar um recife artificial a partir
do afundamento do navio.Na cerimónia, que
aconteceu em Ponta Delgada, o ministro da Defesa Nacional, João
Gomes Cravinho, destacou que, com esta iniciativa, “o turismo
especializado de atividades subaquáticas ganha, nos Açores, mais um polo
de referência, mas, para além disso, o coral artificial que será criado
pelo navio afundado permitirá regenerar e estudar a vida marinha da
região”.Ainda não há uma localização
fechada para o afundamento deste navio, já que várias autarquias
açorianas mostraram interesse no projeto, mas a fundação ambientalista
Parley For the Oceans espera ter o processo concluído no final de 2022.A
operação acontecerá em “estrito cumprimento das normas ambientais para o
afundamento de navios”, garantiu o ministro, adiantando que a Marinha
Portuguesa tem já uma “vasta experiência” neste âmbito, tendo já cedido
quatro navios à região do Algarve e dois à Região Autónoma da Madeira.Gomes
Cravinho frisou ainda o “empenho enorme da melhoria permanente” das
práticas das Forças Armadas portuguesas “na redução da sua pegada
ambiental, na proteção dos ecossistemas vitais ao bem-estar da
sociedade”.A diretora da organização
responsável pela criação do recife, Daniela Coutinho, defendeu que “a
proteção do oceano” e dos seres que nele habitam “assegura, acima de
tudo, a nossa liberdade”, já que “sem recursos não há liberdade”.Com
esta ação, a fundação global formaliza a sua presença em Portugal, com
um protocolo que pretende, entre outras coisas, “promover, dentro das
competências dos signatários, a cooperação institucional, técnica e
científica” e promover o “combate às alterações climáticas e a proteção
da biodiversidade”.Será promovido um
“programa de arte, que consistirá, primeiramente, na criação de um
recife artificial a partir do afundamento do navio”, bem como a
realização de workshops e vários projetos de sensibilização, envolvendo
vários setores da sociedade, incluindo as escolas.A
Parley For the Oceans luta pela proteção dos oceanos e da sua
biodiversidade e quer “formar uma nova mentalidade de consumo” através
das “indústrias criativas”, que têm “as ferramentas para moldar a
realidade e desenvolver modelos de negócio alternativos e produtos
ecológicos”, lê-se no ‘site’ da organização.O
presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, que
firmou o memorando de entendimento com esta entidade, destaca que esta
parceria demonstra que a “fundação, na sua relevância mundial, encarou
bem a importância geoestratégica dos Açores e o valor que os Açores
acrescentam à dimensão mundial da própria fundação Parley For the
Oceans”.Para o social-democrata, “a
consequência da poluição dos mares e dos plásticos nos oceanos é tão
drasticamente gravosa para a sustentabilidade da vida no mar e na
Terra”, que “a causa dos mares e dos oceanos tem de ser matriz das
políticas públicas locais, regionais, nacionais e mundiais”.