Mariense Isabel Mesquita lança primeiro álbum "Ilhéu"

“Ilhéu” é o álbum de estreia da cantora açoriana Isabel Mesquita, um trabalho que reúne originais da sua autoria com influências de jazz, bossa nova e música cabo-verdiana, mas também de fado e tango.


Autor: AO Online/ Lusa

Isabel Mesquita, da ilha de Santa Maria, é licenciada em engenharia aeroespacial e, atualmente, trabalha como controladora de tráfego aéreo, mas a música sempre fez parte da sua vida.

Em Santa Maria, de onde é natural e onde vive, “não há conservatórios, nem escolas de música”, por isso, a formação musical ia-lhe chegando “esporadicamente”, quando participava em 'workshops' e, durante a licenciatura, quando ingressou num curso de jazz, na escola de música Interartes.

Fez parte de um ensemble de blues, o Iziblues, e do projeto de música do mundo Gapura, pelo qual lançou um álbum, e teve o Isabel Mesquita Quarteto e Nossa Bossa.

Mas é com “Ilhéu”, o álbum de estreia que agora é lançado, que firma a sua carreira a solo, com um trabalho em que revisita temas que sempre a acompanharam.

“O meu disco traz músicas desde [o momento em] que tive o primeiro contacto com a música, e vai bebendo muito desse contacto que fui tendo com o jazz, a bossa nova, depois também com a música cabo-verdiana… Fui até Cabo Verde, conhecer essas influências… E também uma influenciazinha do fado, do tango…”, explicou a cantora à agência Lusa.

No disco, Isabel Mesquita canta dois poemas de Natália Correia, um de Florbela Espanca e dois de poetas “marienses por afinidade” – Daniel Gonçalves e Paulo Ramalho –, mas também outros cinco temas escritos pela própria.

Aos poetas que vivem em Santa Maria, Isabel Mesquita pediu poemas para musicar. Daniel Gonçalves sugeriu que o seu poema “Cidade” daria uma boa canção, mas Paulo Ramalho “escreveu de propósito” a letra de “Um Amigo”.

“Até foi uma composição muito engraçada, porque foi criada música, poesia e dança, num projeto criativo conjunto, para um projeto que houve lá em Santa Maria. O meu produtor também se juntou e ajudou a que a música chegasse onde tinha que chegar”, explicou.

O álbum é produzido pelo músico angolano Yami Aloelela, que teve uma presença “muitíssimo importante” no disco, ao “ligar os pontos e levar a música para os sítios para onde devia ir”, confessou Isabel Mesquita.

“Costumo dizer que lhe dei uma semente e ele fez essa semente germinar e agora vai crescer e vai-se tornar uma flor”, afirma.

Além do produtor Yami Aloelela, que toca baixo elétrico, no disco acompanham-na Cláudio Andrade, nos teclados, Tiago Oliveira, nas guitarras, Vicky Marques, na bateria, e João Frade, no acordeão.

“Ilhéu” reflete o repertório que Isabel Mesquita foi desenvolvendo, mas é também fruto da maturação do seu trabalho: “Há aqui canções que compus muito nova, senti a necessidade de as rearranjar, senti que a minha musicalidade foi para outros sítios e queria que estas músicas acompanhassem isso".

Com este disco, a cantora espera que as pessoas dos Açores "conheçam a música e gostem dela”, mas espera levar o seu repertório também “para além dos Açores, levar para o continente e, quem sabe, para mais longe”, já que sentiu “sempre essa necessidade, não só de ter música” na sua vida, “como partilhar essa música com outras pessoas”.