Margato diz que buscas na ilha do Corvo violam lei e pede intervenção de instituições
8 de out. de 2025, 14:55
— Lusa/AO Online
“Nada,
no caso em apreço, justifica a realização de buscas desta natureza e
dimensão num momento tão próximo do ato eleitoral, o que coloca
diretamente em causa a proporcionalidade, a oportunidade e a
neutralidade institucional da intervenção”, defende a candidatura “Por
um Corvo com Futuro”, num comunicado assinado pelo cabeça de lista. A
Unidade de Saúde da Ilha do Corvo e a residência do médico Paulo
Margato foram alvo de buscas na terça-feira após o Ministério Público e a
Polícia Judiciária terem solicitado acesso às prescrições médicas
emitidas nos últimos cinco anos.Em
reação, Margato adianta que foi constituído arguido e sujeito à medida
de coação de termo de identidade e residência, o que “demonstra a
ausência de qualquer risco processual”, segundo o próprio.A
candidatura considera que a operação foi “conduzida com aparato
desproporcionado e inédito” e “acompanhada por fugas de informação” para
os órgãos de comunicação social, em “clara violação do segredo de
justiça”.“A operação produziu um impacto
devastador na perceção pública, gerando repercussões políticas imediatas
e afetando de modo irreversível a igualdade de oportunidades entre
candidaturas”, acrescenta.Para o médico,
as buscas violam de forma “grave” a Constituição por colocarem a causa a
“garantia de eleições livres, iguais e idênticas”, a "vinculação de
todas as entidades públicas aos direitos, liberdades e garantias”, o
“dever de imparcialidade” e a “limitação das forças de segurança à
legalidade e respeito pelos direitos fundamentais”.A
candidatura advoga que foi desrespeitada a Lei Eleitoral dos Órgãos das
Autarquias Locais, que “estabelece a imunidade dos candidatos durante o
período eleitoral, impedindo a adoção de medidas judiciais ou policiais
suscetíveis de prejudicar a sua campanha, salvo em situações de
flagrante delito por crimes graves”.Por
isso, foi solicitada à Procuradoria-Geral da República (PGR) a
“verificação da conformidade da atuação dos magistrados”, a “avaliação
da oportunidade processual” e a “instrução de averiguações internas”.“Esta
comunicação à PGR não se confunde com um pedido político: constitui um
ato de defesa institucional da democracia e da confiança dos cidadãos na
Justiça, que deve manter-se, com independência de qualquer influência
partidária ou eleitoral”, sublinha.Paulo
Margato apresentou também “pedidos de intervenção urgentes” à Comissão
Nacional de Eleições, ao provedor de Justiça, aos conselhos superiores
do Ministério Público e da Magistratura e à Inspeção-Geral da
Administração Interna.A “Por um Corvo com
Futuro” enviou participações para a Organização para a Segurança e
Cooperação na Europa/Escritório para as Instituições Democráticas e os
Direitos Humanos (OSCE/ODIHR), para o comissário para os Direitos
Humanos do Conselho da Europa e para o Parlamento Europeu e Comissão
Europeia.Paulo Margato realça que a
situação “indicia a possível existência de uma rede tentacular de
contactos entre agentes de justiça e de interesses políticos locais e
regionais”, já que, no seu entendimento, a situação favoreceu a
candidatura do PS, que lidera a autarquia.