Marcelo vai apresentar iniciativa sobre nomeação de familiares na Presidência da República
11 de abr. de 2019, 17:08
— Lusa/AO Online
“Esta matéria está nas mãos dos partidos, do
Governo e do parlamento, exceto numa parte que diz respeito à
Presidência da República e em que eu tenho praticamente pronto já um
projeto de diploma, mas que tem de ser submetido ao Governo porque o
Presidente não tem poderes legislativos, sobre um regime de impedimentos
na Presidência da República”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.O
chefe de Estado falava aos jornalistas à chegada à Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa, onde participou na sessão solene do Congresso
Internacional da Deficiência Visual “Sociedade Inclusiva + Participação
Responsável = Cidadania Plena”, promovido pela ACAPO - Associação dos
Cegos e Amblíopes de Portugal.“Em relação a
outros órgãos e gabinetes de outros órgãos, aí eu vou esperar para ver
os diplomas que venham a ser apresentados e aprovados”, adiantou o
Presidente da República.O PS vai propor
hoje a discussão na comissão parlamentar da Transparência de limites às
nomeações de familiares para gabinetes governamentais e outros cargos
públicos, já com uma iniciativa legislativa para inibir até primos.“Aquilo
que me dizem é que, neste momento, há iniciativas que estão a ser
ponderadas para apreciação do Governo e do parlamento. E, se for assim, é
bom”, assinalou o Presidente da República quando questionado sobre esta
iniciativa.Marcelo Rebelo de Sousa
defendeu ainda que a sua função “foi chamar a atenção para a importância
da matéria porque, tal como aconteceu na administração pública, durante
muito tempo dizia-se [que] basta apenas a ética”. “E
depois chegou-se à conclusão que não bastava a ética porque, durante
muito tempo, na função pública também não havia lei e dizia-se [que] faz
parte do bom senso, faz parte da ética e um dia concluiu-se ‘bom,
talvez seja bom haver lei’ e hoje há lei e ganhou-se com a lei”, notou.O
chefe de Estado disse também esperar que, “quando os deputados
entenderem, quando o Governo entender, quando os partidos entenderem,
mais cedo ou mais tarde, se chegue à mesma conclusão quanto aos
gabinetes que apoiam titulares de cargos políticos a que se chegou na
administração pública há 20 anos”.Nas
últimas semanas têm sido noticiadas nomeações de familiares para cargos
públicos e no Estado, durante a vigência do atual executivo, mas também
de outros Governos. Há uma semana, o
secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, pediu a demissão na
sequência de ter sido tornado público de que nomeara o próprio primo,
Armindo Alves, para adjunto no seu gabinete.Anteriormente,
o Presidente da República já tinha sugerido uma alteração ao Código do
Procedimento Administrativo, em vigor desde 1991, e no qual estão
previstas as limitações de nomeações de familiares para cargos na
Administração Pública.