Marcelo Rebelo de Sousa promulga alteração à lei eleitoral mas considera-a "inconveniente"
21 de ago. de 2020, 11:29
— Lusa/AO Online
Numa nota publicada na página da internet da
Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa considera
"inconveniente a alteração da legislação eleitoral a cerca de dois meses
da realização de eleições" legislativas regionais, que deverão decorrer
no final de outubro, mas justifica a sua decisão com a existência de
"precedentes"."[...] no caso de eleições
legislativas, uma alteração publicada em 14 de agosto de 2015 aplicável
às eleições de 4 de outubro do mesmo ano e, no caso de eleições
autárquicas, alterações publicadas em 14 de agosto e 25 de novembro
relativas à eleição de 16 de dezembro do mesmo ano - bem como o facto de
a lei ter sido aprovada apenas com um voto contra, e sobretudo que a
situação de pandemia vivida torna mais aceitável esta alteração
legislativa respeitante à mobilidade dos cidadãos eleitores [...]",
justifica o chefe de Estado.O diploma, com
origem no parlamento dos Açores, tinha sido aprovado na Assembleia da
República em 23 de julho, com a abstenção do PCP, CDS-PP, PEV,
Iniciativa Liberal e Chega, os votos favoráveis das restantes bancadas e
das duas deputadas não inscritas, e o voto contra de um deputado do
PSD.Os eleitores passam a poder exercer o
seu direito de voto de forma antecipada por mobilidade, algo que até
agora era permitido apenas nas eleições presidenciais, legislativas
nacionais e europeias.Independentemente do
motivo que fundamenta a respetiva ausência do seu círculo eleitoral, os
eleitores podem exercer o seu dever cívico numa mesa de voto localizada
especificamente para o efeito noutra área geográfica à sua escolha.Essa
intenção, segundo a lei, deve ser manifestada "por via postal ou por
meio eletrónico disponibilizado para esse efeito pelos serviços do
membro do Governo Regional dos Açores com competência em matéria
eleitoral, entre o décimo quarto e o décimo dias anteriores ao da
eleição".Assim, serão criadas 18 mesas de
voto antecipado em mobilidade no território do continente, a funcionar
em cada câmara municipal da sede de distrito, nove mesas de voto nos
Açores, a funcionar em cada ilha, e duas na Madeira, a funcionar uma na
Câmara Municipal do Funchal e outra na Câmara Municipal do Porto Santo.O
Presidente da República tinha referido na quinta-feira que só depois de
decidir se promulgava ou vetava este diploma avançava com a marcação
das eleições legislativas regionais, que deverão realizar-se em 25 de
outubro.Em 22 de julho, Marcelo Rebelo de
Sousa recebeu no Palácio de Belém os partidos com assento na Assembleia
Legislativa Regional, tendo PSD, CDS-PP, BE, CDU e PPM defendido aquela
data para a realização do sufrágio, enquanto o PS referiu que quanto
mais tarde maior será o risco de perturbação devido à pandemia da
covid-19.Segundo a Lei Eleitoral da
Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, o Presidente da
República marca a data das eleições "com a antecedência mínima de 60
dias ou, em caso de dissolução, com a antecedência mínima de 55 dias".Ainda
de acordo com o artigo 19.º do mesmo diploma, "as eleições realizam-se,
normalmente, entre o dia 28 de setembro e o dia 28 de outubro do ano
correspondente ao termo da legislatura".Quanto
à campanha eleitoral, a lei determina que esta decorra entre o 14.º dia
anterior ao dia designado para as eleições e termine às 24:00 da
antevéspera do mesmo. Ou seja, neste caso decorrerá entre 11 e 23 de
outubro.Nas anteriores legislativas
açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu
em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido
mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.O PS governa a região há 24 anos, tendo sido antecedido pelo PSD, que liderou o executivo regional entre 1976 e 1996.Vasco
Cordeiro, líder do PS/Açores e presidente do Governo Regional desde as
legislativas regionais de 2012, após a saída de Carlos César, que esteve
16 anos no poder, apresenta-se de novo a votos para tentar um terceiro e
último mandato como chefe do executivo.No
mais recente ato eleitoral, para as legislativas nacionais de 2019,
estavam recenseados e aptos a votar nos Açores 228.975 eleitores.