Marcelo Rebelo de Sousa é "um grande Presidente" da República
26 de jul. de 2019, 08:50
— Lusa/AO Online
Numa entrevista à agência Lusa de balanço do
seu mandato, Eduardo Ferro Rodrigues afirma ainda não ver António Costa
com perfil de Presidente e que, quanto a si, não quer sair da política
para já.“O Presidente da República atual
não tem essa lógica de funcionamento de primeiro mandato e de segundo
mandato”, diz Ferro Rodrigues, para quem Marcelo Rebelo de Sousa tem
desempenhado muito bem a sua função, e “é uma personalidade com um grau
de independência em relação a ele próprio, às suas próprias convicções
ideológicas, religiosas, que o torna, exatamente por essa independência,
um grande Presidente da República”.Ferro
Rodrigues elogia o bom relacionamento institucional, político e pessoal
que foi construído entre ambos, “o não quer dizer que se desculpa tudo
aquilo que pode haver negativo na sua personalidade, mas passa-se a
reconhecer muita coisa muito importante do seu caráter e a sua maneira
de ser”.Por tudo isto, o presidente da
Assembleia da República e destacado dirigente socialista reafirma que
não vê motivo para mudar a posição que anunciou há meses [que votaria em
Marcelo Rebelo de Sousa] e que acha que essa orientação “corresponde ao
sentimento maioritário no PS”.Questionado
sobre se no futuro veria António Costa como Presidente, Eduardo Ferro
Rodrigues considera que “as funções políticas têm muito que ver com a
personalidade de cada um” e aponta os exemplos de Jorge Sampaio e de
António Guterres.“Sempre ouvi o doutor
Jorge Sampaio (…) ter uma vontade clara de ser Presidente da República,
sempre ouvi o engenheiro António Guterres dizer que nem pensar, porque
era uma coisa chatíssima”, diz, para sublinhar de seguida: “sobre
António Costa, estaria mais tentado – mas isso é uma especulação – em
achar que ele é mais parecido com António Guterres do que com o doutor
Jorge Sampaio”.Sobre si próprio, Eduardo
Rodrigues afirma que “tendo as coisas corrido bem até agora", não vê
"motivo nenhum para sair [da política] sem mais nem menos”.O
atual presidente da AR recorda o período em que esteve doente e, por
isso, afastado da vida política e que não gostou “dessa pseudoliberdade
que a saída da política dá”.Quanto à saída
da política anunciada pelo seu amigo José António Vieira da Silva,
limita-se a comentar que lamenta, mas “cada um sabe da sua vida”.Relativamente
a Carlos César, que também anunciou que não se recandidataria, diz que
recebeu a notícia com naturalidade e que tinha conhecimento dessa
decisão há um ano, a qual lhe foi comunicada pelo próprio.“Independentemente
da intriga política, que faz parte da vida democrática e que muitas
vezes é feita por aqueles que são mais ferristas que o Ferro, ou mais
cesaristas que o César, não foi para mim uma surpresa”, comenta,
aludindo às notícias que o davam como desavindo com ainda presidente do
grupo parlamentar do PS.