Autor: LUSA/AO Online
Durante a sua
intervenção no Congresso Nacional de Estudantes de Medicina - CNEM 2017,
na Reitoria da Universidade Nova de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa
afirmou que "gostaria" que se chegasse "um compromisso de regime" sobre a
saúde. Instado
pelos jornalistas sobre o tema, à margem do congresso, Marcelo Rebelo
de Sousa afirmou: "Desde que assumi funções tenho dito que, embora haja
um pacto implícito, não declarado, em que os vários partidos aceitam a
realidade da saúde em muitos aspetos sem os confrontos ideológicos de
outros tempos, era desejável haver uma convergência explícita, expressa,
assumida". Agora
a questão que se coloca é se fácil ou não, mas isso não irá impedir o
chefe de Estado de defender a existência de um compromisso para a saúde. "Como
disse aqui, agora mesmo, porventura não é fácil, não tem sido fácil
haver este tipo de compromissos, mas não é razão para eu não deixar de o
defender", sublinhou. Questionado
se considera que o setor de saúde público tem perdido terreno para o
privado, afirmou que "o que vale a pena é olhar para o sistema todo,
olhando para realidade da sociedade portuguesa neste momento" em que
Portugal não está em crise. Isto
porque "em momento de crise acaba por se gerir a crise", ou seja,
"esticar a manta para um lado e para o outro", prosseguiu o Presidente
da República. Por
isso, defendeu, é preciso olhar para o sistema e "ver com uma visão de
futuro, visão a médio e longo prazo, se é possível encontrar acordo
entre aqueles que defendem uma visão mais publicista e aqueles que
defendem uma visão mais ligada ao setor social ou ao setor privado”. “Se
for possível, era o ideal no quadro, por um lado, manter aquilo que eu
acho que é o fundamental que é o prestígio, a natureza social e o
serviço crucial do SNS [Serviço Nacional de Saúde] aos portugueses. […]
Saber até que ponto isso é compatível, ou não, com parcerias com
privados, com a realidade do setor social, nomeadamente em áreas como os
cuidados continuados e ver como é que o conjunto pode evoluir e
projetar-se a médio longo prazo de uma maneira viável", afirmou. Ora, "se for possível por acordo, seria o ideal", disse o chefe de Estado. Questionado
ainda sobre as afirmações do ministro da Saúde, de que "o país está
pobre, velho e muitas vezes abandonado e entregue a si próprio", o
Presidente da República afirmou que ele próprio era um "otimista
realista". "Como otimista, eu acredito no país, acredito nos portugueses, olho para
aquilo que mudámos na saúde" do tempo da ditadura para a democracia e
ao longo desta e "acredito no futuro do país em matéria de saúde",
afirmou. "Ao
mesmo tempo sou realista, não posso negar que há desigualdades no país,
que essas desigualdades em muitos aspetos são chocantes, tenho falado
delas ultimamente, que também chegam ao domínio da saúde, e que há
vários 'Portugais' a vários ritmos e que há um envelhecimento da
sociedade portuguesa que coloca problemas à saúde em Portugal",
acrescentou. O
Presidente da República salientou que "olhar para realidade para ter a
noção de que ela existe é uma coisa", agora "outra coisa é obviamente
querer mudá-la todos os dias". E "é isso que devemos estar a fazer permanentemente", concluiu. No
início da sua intervenção do congresso, que durou mais de 40 minutos,
Marcelo Rebelo de Sousa manifestou-se satisfeito por estar perante um
auditório de estudantes de medicina, já que é um "hipocondríaco
militante".