Marcelo pede futuro mais igual para todas as terras e sem novas tragédias
10 Junho
10 de jun. de 2024, 12:46
— Lusa/AO Online
"Que este 10 de Junho
de 2024 queira dizer: tragédias como as de 2017 nunca mais, futuro mais
igual e menos discriminatório para todas as terras, e para todos os
portugueses, dever de missão, lugar para a esperança, a confiança, e o
sonho, sempre, mesmo nos instantes mais sofridos da nossa vida
coletiva", afirmou o chefe de Estado, em Pedrógão Grande, no distrito de
Leiria.Numa intervenção de cerca de 10
minutos, na cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões
e das Comunidades Portuguesas, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que
este 10 de Junho celebra Portugal "todo, uno, na sua diversidade".O
Presidente da República escolheu para palco destas comemorações três
concelhos do distrito de Leiria afetados pelos incêndios de 2017 –
Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera – e Coimbra,
onde terão hoje à tarde início as celebrações dos 500 anos do nascimento
de Luís de Camões."Que outro 10 de Junho
conseguiria ser tão completo assim, não omitindo a tragédia e a morte,
mas sonhando com a redenção e a vida?", interrogou.Marcelo
Rebelo de Sousa começou o seu discurso declarando que "Portugal não é
só mar, oceano, litorais", nem "só interiores, mais ou menos profundos",
nem feito só da "história, cultura, ciência dos letrados", nem da
"história, cultura, ciência do povo anónimo", nem se resume à "memória
das glórias", nem "dos fracassos, dos dramas, das tragédias"."Portugal
é tudo isso, e é um só, um mesmo Portugal. E o 10 de Junho, ao celebrar
Portugal, celebra-o todo, uno, na sua diversidade. Celebra-o tão
depressa junto ao oceano, como no interior mais recôndito. Celebra-o no
urbano metropolitano mais recente, como no rural das raízes mais
antigas. Celebra-o nas glórias mais esplendorosas, como nas tragédias
mais dolorosas", acrescentou.O Presidente
da República quis que estas comemorações fossem "um retrato fiel desse
Portugal, uno na sua diversidade", e por isso começaram "em terras longe
do mar, que não são nem foram capitais de distrito ou sedes de
diocese", evocando os incêndios de 2017 e todas as suas vítimas.Este
10 de Junho "evoca o passado, mas quer sobretudo dizer futuro,
reconstrução, novos jovens, novos residentes, nacionais e estrangeiros,
novos sonhos" para estes territórios.As
populações que aqui vivem não podem ser vistas como "menos portugueses,
menos cidadãos, menos cultos, na cultura da vida, como na cultura das
letras, menos portadores de esperança", defendeu.Na
sua intervenção, o chefe de Estado e comandante supremo das Forças
Armadas descreveu os portugueses como um povo orgulhoso do passado,
combatente, que supera adversidades e tragédias.A
este propósito, fez um elogio aos atuais e antigos militares
portugueses: "Que o digam os nossos antigos combatentes, os nossos
soldados, os de ontem como os de hoje, os do futuro, tantos aqui
presentes, garantes da nossa soberania, da nossa soberania, da nossa
liberdade, da nossa vocação universal"."Portugal
é assim. Portugal é assim aqui em Pedrógão Grande, em Castanheira de
Pera, em Figueiró dos Vinhos. Mas também em Leiria, em Coimbra, e mais
as dezenas de concelhos devastados em 2017, e renascidos e a quererem
renascer, sem autocompaixões, com exigência, com coragem, com ambição",
prosseguiu.Segundo o chefe de Estado,
Camões "teve um pouco de tudo dos diversos Portugais" e deve ser uma
inspiração "até no instante final da sua vida, quando, pobre, ignorado,
ostracizado, esquecido por quase todos, se imagina que temeu que, com a
sua partida, pudesse partir também a independência" do país."Portugal
restauraria a sua independência, Camões seria reconhecido e admirado e o
nosso caminho secular continuaria até hoje", salientou.