Marcelo pede desculpa se ofendeu "uma que seja das vítimas" de abusos na Igreja Católica
13 de out. de 2022, 11:53
— Lusa/AO Online
À
saída de uma iniciativa na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa,
Marcelo Rebelo de Sousa fez uma curta declaração aos jornalistas, com
uma "primeira palavra" dirigida "às vítimas dos abusos sexuais, todos
eles, mas nomeadamente em particular agora aqueles que vêm da parte de
responsáveis da Igreja Católica, sacerdotes e outros responsáveis"."E
essa palavra é muito simples: é dizer-lhes que a minha intenção não foi
ofender quando disse o que disse, mas se porventura entenderam, uma que
seja das vítimas que está ofendida, eu peço desculpa por isso, porque
não era esse o meu objetivo", afirmou o chefe de Estado."O
meu objetivo era exatamente o contrário: o temer que muitas vítimas,
por medo, por limitação, não tivessem falado e o número, que deveria ser
ainda mais alto, tivesse ficado por onde ficou", acrescentou.Na
terça-feira, questionado sobre a recolha de 424 testemunhos de abusos
sexuais contra crianças na Igreja Católica em Portugal, o Presidente da
República disse não estar surpreendido, salientou que "não há limite de
tempo para estas queixas" que têm estado a ser recolhidas, algumas
relativas "há 60 ou há 70 ou há 80 anos"."Significa
que estamos perante um universo de pessoas que se relacionou com a
Igreja Católica de milhões ou muitas centenas de milhares", prosseguiu
Marcelo Rebelo de Sousa, concluindo: "Haver 400 casos não me parece que
seja particularmente elevado, porque noutros países e com horizontes
mais pequenos houve milhares de casos".Face
às críticas que as suas declarações suscitaram, o chefe de Estado
divulgou uma nota a explicar que "este número não parece particularmente
elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo
mundo", admitindo que "terá havido também números muito superiores em
Portugal".Depois, o Presidente da
República falou para a RTP e para a SIC a reforçar a mesma mensagem,
reiterando que 424 queixas lhe parece um número "curto" face ao que
estima ser a realidade, declarando que aceitava democraticamente as
críticas que recebeu, mas não as compreendia.Os
424 testemunhos foram recolhidos pela designada Comissão Independente
para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica
Portuguesa, uma estrutura constituída por decisão da Conferência
Episcopal Portuguesa e coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht.