Marcelo pede bom senso nas eleições de 2019 e adverte contra promessas impossíveis
2 de jan. de 2019, 08:51
— Lusa/AO Online
Marcelo Rebelo de
Sousa assumiu estas posições sobre os riscos da demagogia e do populismo
na sua tradicional mensagem de Ano Novo, na qual assinalou que o clima
pré-eleitoral para as três eleições que se realizam em 2019 (europeias,
regionais da Madeira e legislativas) "já começou em 2018"."O
que vos quero pedir, hoje, é simples, mas exigente. Votem. Não se
demitam de um direito que é vosso, dando mais poder a outros do que
aquele que devem ter. Pensem em vós, mas também nos vossos filhos e
netos, olhem para amanhã e depois de amanhã e não só para hoje",
defendeu o chefe de Estado.Ainda
num apelo contra a abstenção, o Presidente da República incentivou os
portugueses a "debater tudo, com liberdade", mas sem criar "feridas
desnecessárias e complicadas de sarar"."Chamem
a atenção dos que querem ver eleitos para os vossos direitos e as
vossas escolhas políticas, pela opinião, pela manifestação, pela greve,
mas respeitem sempre os outros, os que de vós discordam e os que podem
sofrer as consequências dos vossos meios de luta", completou,
referindo-se à conjuntura de contestação social.Neste
contexto, Marcelo Rebelo de Sousa deixou depois uma série de avisos a
todos aqueles que pretendem candidatar-se nas próximas eleições
europeias, regionais da Madeira e legislativas: "Se quiserem ser
candidatos analisem, com cuidado, o vosso percurso passado e assumam o
compromisso de não desiludir os vossos eleitores"."Pensem
como demorou tempo e foi custoso pôr de pé uma democracia e como é
fácil destruí-la, com arrogâncias intoleráveis, promessas impossíveis,
apelos sem realismo, radicalismos temerários, riscos indesejáveis. Com o
mundo e a Europa como se encontram bom senso é fundamental", salientou o
chefe de Estado.Na
sua mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou também que "bom senso" e
"ambição" não são incompatíveis em democracia e, nesse sentido, traçou
objetivos para Portugal nos planos político, económico e social."Podemos
e devemos ter a ambição de assegurar que a nossa economia não só se
prepare para enfrentar qualquer crise que nos chegue, como queira
aproximar-se das mais dinâmicas da Europa, prosseguindo um caminho de
convergência agora retomado. Podemos e devemos ter a ambição de
ultrapassar a condenação de um de cada cinco portugueses à pobreza e a
fatalidade de termos portugais a ritmos diferentes, com horizontes muito
desiguais", lamentou o Presidente da República.O
chefe de Estado assumiu ainda como ambição do país "dar mais
credibilidade, transparência, verdade" às suas instituições políticas,
fazendo com que "a confiança tenha razões acrescidas para se afirmar"."Ponto
de encontro entre povos, economia mais forte, sociedade mais justa,
política e políticos mais confiáveis. Será pedir muito a todos nós,
neste ano de 2019? Não, não é. Quem venceu crises e delas saiu, com
coragem e visão, é, certamente, capaz de converter esse esforço de uma
década num caminho mobilizador e consistente de futuro", concluiu o
Presidente da República.Nesta
sua tradicional mensagem de Ano Novo dirigida aos portugueses, o
Presidente da República referiu-se com preocupação à atual conjuntura
internacional, considerando que "estes tempos continuam difíceis"."Num
mundo em que falta em direito, paz, diálogo, justiça, certeza o que
sobra em razão da força, conflito, desigualdades, incerteza. Numa Europa
que fica mais pobre com a partida do Reino Unido, desacelera na
economia, vê crescerem promessas sem democracia e sem pleno respeito da
dignidade das pessoas. Num Portugal, que saiu da crise, reganhou
esperança, mas que precisa de olhar para mais longe e mais fundo",
adverte o chefe de Estado.Para
Marcelo Rebelo de Sousa, "a resposta a estes tempos só pode ser uma:
valores, princípios e saber aprendido em quase novecentos anos de
História; dignidade da pessoa, de todas as pessoas, a começar nas mais
frágeis, excluídas, ignoradas".Ainda
em defesa da liberdade, do direito à diferença, do pluralismo e do
Estado de Direito, o Presidente da República deixou o aviso de que "não
há ditadura, mesmo a mais sedutora, que substitua a democracia, mesmo a
mais imperfeita"."Justiça
social, combate à pobreza, correção das desigualdades. Que não há
democracia que dure onde alguns poucos concentrem tanto quanto todos os
demais", acrescentou.