Marcelo no centro da tribuna ao lado de Bolsonaro no desfile do 7 de Setembro
7 de set. de 2022, 16:30
— Inês Escobar de Lima/Lusa/AO Online
Marcelo
Rebelo de Sousa ficou a maior parte do tempo entre o Presidente e o
vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, enquanto os outros dois
chefes de Estado presentes em Brasília, Umaro Sissoco Embaló, da
Guiné-Bissau, e José Maria Neves, de Cabo Verde, ficaram um pouco mais
afastados, junto à mulher de Jair Bolsonaro, Michelle.Esta
foi uma cerimónia institucional com ambiente de campanha eleitoral,
perante uma multidão vestida de verde e amarelo, durante a qual se
ouviram gritos de apoio a Bolsonaro e palavras de ordem contra o
ex-Presidente do Brasil Lula da Silva, seu adversário na eleição
presidencial de 2 de outubro.Durante
algum tempo, o lugar do chefe de Estado português na tribuna foi tomado
pelo empresário brasileiro Luciano Hang, apoiante de Bolsonaro, que teve
acesso ao espaço do próprio desfile, onde foi saudar a multidão.O
desfile cívico-militar do feriado em que se comemora a independência do
Brasil em relação a Portugal, proclamada há 200 anos, durou cerca de
duas horas. Altas entidades brasileiras como os presidentes do Senado
Federal, da Câmara dos Deputados e do Suprem Tribunal Federal não
compareceram.Na Esplanada dos Ministério
desfilaram desde viaturas militares a tratores e outras máquinas
agrícolas e carros de bombeiros. Aeronaves e helicópteros militares
cruzaram o céu de Brasília.No início da
cerimónia, ouviu-se o hino nacional brasileiro e depois o hino da
independência do Brasil, cuja autoria é atribuída a D. Pedro, em que se
canta "ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil", e o tema "Minha
pátria para Cristo".Terminado o desfile,
Bolsonaro deslocou-se até um carro de som noutro ponto da Esplanada dos
Ministérios de onde fez um discurso de campanha em que alegou ter
combatido a corrupção e ter colocado o Brasil com uma "economia
pujante".Declarando que foi Deus quem lhe
deu a visão para comandar o país nos últimos quatro anos, Bolsonaro
defendeu que está em causa nesta eleição "uma luta do bem contra o mal".Marcelo
Rebelo de Sousa chegou na terça-feira à capital brasileira para
participar nas comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, a
convite de Bolsonaro, com quem teve um encontro bilateral de cerca de 20
minutos no Palácio Itamaraty.Esta quarta-feira o Presidente português irá oferecer um jantar aos representantes da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) presentes na capital
brasileira, terá um encontro com a comunidade portuguesa e um jantar
oferecido pelo presidente do Senado Federal brasileiro, Rodrigo Pacheco.O
presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, segunda
figura do Estado português, que foi convidado pelo presidente do Senado
para as comemorações do bicentenário da independência do Brasil, também
deverá estar nesse jantar.Na terça-feira,
após o encontro com Bolsonaro no Itamaraty, o Presidente português
visitou juntamente com Sissoco Embaló o espaço onde está exposto o
coração de D. Pedro I do Brasil e IV de Portugal, conservado em formol e
guardado numa cápsula de vidro, que foi trazido do Porto especialmente
para esta ocasião.Marcelo Rebelo de Sousa
defendeu que "seria incompreensível que Portugal não estivesse
representado ao mais alto nível" nas comemorações dos 200 anos do Brasil
e rejeitou a possibilidade de ficar associado à campanha eleitoral
brasileira, sustentando que "são duas coisas completamente separadas".Na
quinta-feira, haverá uma sessão solene no Congresso Nacional, em que
Marcelo Rebelo de Sousa irá discursar, e na qual também estará Augusto
Santos Silva.O programa do Presidente
português no Brasil termina com uma receção à comunidade portuguesa no
Navio Escola Sagres, no Rio de Janeiro, na sexta-feira.