“Marcelo não foi PR, foi ministro da propaganda do Governo”
Presidenciais
23 de nov. de 2020, 12:14
— Lusa/AO Online
Em
entrevista à agência Lusa, cerca de quatro meses depois de ter
anunciado a sua candidatura ao Palácio de Belém, apoiada pela Iniciativa
Liberal - partido do qual foi fundador e é atualmente presidente do
Conselho de Jurisdição – Tiago Mayan Gonçalves não poupa nas críticas ao
atual Presidente da República.“Marcelo
não foi presidente. Marcelo foi ministro da propaganda deste Governo e
essa é, desde logo, a maior crítica que lhe posso fazer porque isso tem
sido continuamente demonstrado”, refere.Marcando
uma clara diferença em relação ao atual chefe de Estado, o candidato
liberal afirma que, “independentemente de direitas e esquerdas”, espera
que “eleitores que não se revejam neste presidente, que abdicou de
exercer o seu mandato”, e vejam na sua candidatura “uma proposta válida e
moderada”.“Eu também sou um candidato
contra todo o tipo de extremismos, de qualquer espetro e de qualquer
ponta nesse espetro de esquerda/direita”, assegura, respondendo que um
bom resultado “é conseguir transmitir o que é que um presidente liberal
representa para os portugueses”.O liberal
elenca uma longa lista de situações para sustentar as suas críticas ao
atual Presidente da República, começando pela vacina da gripe e passando
pela “narrativa do milagre português, a proclamação de jogos de futebol
em pleno Palácio de Belém enquanto fechavam canais de voo para o país, o
incêndio de Pedrógão, a tragédia das mortes no Lar de Reguengos e
Tancos”.“Tantos, tantos exemplos em que
Marcelo, quando age, age para fazer cobertura ou para fazer distrações e
permitir que o Governo atue sem controlo e sem que haja regular
funcionamento das instituições”, condena.Para
o advogado portuense de 43 anos, esta forma de atuar do atual chefe de
Estado é norteada “por um objetivo meramente narcisístico e pessoal de
querer a reeleição” nas presidenciais do próximo ano.“Marcelo
o que fez, a partir do primeiro dia em que tomou posse, foi deixar de
ser presidente e passar a ser candidato presidencial e a estratégia para
isso foi colaborar com o Governo, que era o que estava na altura. Se
fosse outro provavelmente faria a mesma coisa”, disse.Na
perspetiva de Tiago Mayan Gonçalves, “a estratégia foi ser
colaboracionista com o Governo porque contava com isso garantir uma
reeleição”. “E não só uma reeleição porque
eu penso que também estava dentro do sonho dele garantir uma reeleição
apoteótica. Aqui a pandemia acabou por lhe causar dificuldades para esse
objetivo, mas o objetivo de reeleição ainda o tem e, portanto, isso foi
uma estratégia”, justifica.O anunciado
candidato liberal vê outros dos seus concorrentes nestas eleições “a
elogiarem o desempenho presidencial de Marcelo, mas a criticarem-lhe o
estilo”. “Eu faço precisamente o
contrário. O que eu critico é o desempenho de Marcelo nas suas funções
presidenciais. Mas o estilo, de aproximação, de descrispação com as
pessoas, acabou por ser importante e é isso que lhe traz tanta
popularidade”, considera.À pergunta de
quem é o seu grande adversário nas eleições presidenciais a que
concorre, Tiago Mayan Gonçalves não hesita por um segundo: “é Marcelo,
claro. É o incumbente e eu creio que ele será candidato - apesar de
ainda manter o tabu - e é contra quem eu concorro”.Sobre
o nome apoiado pelo Chega, André Ventura, o liberal observa que
“aparentemente não é um candidato presidencial porque raramente fala
desse aspeto”, mas deixa claro que representa “valores diametralmente
opostos em praticamente tudo”.Tiago Mayan
Gonçalves foi militante do PSD – de onde ainda recebe num email as
newsletters, mas que garante que “vão para spam, claro” -, e é eleito
suplente pelo Movimento de Rui Moreira à Assembleia da União de
Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.