Marcelo irá depor por escrito como testemunha e tornará público o seu depoimento
Tancos
3 de nov. de 2020, 11:49
— Lusa/AO Online
"Eu aliás até antecipei-me,
quando vi notícias sobre isso, a dizer aquilo que já tinha dito várias
vezes", referiu Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista à RTP.O
chefe de Estado afirmou que irá depor "por escrito" e que "o Presidente
- tem sido essa a interpretação na Presidência da República - não
precisa de pedir autorização ao Conselho de Estado, ou diz que sim ou
diz que não"."Eu disse sim, e depois
acrescentei um pormenor: e publicarei no sítio da Presidência da
República para que os portugueses não tenham de esperar pela divulgação
por vias jurisdicionais", adiantou.O Presidente da República reiterou a mensagem de que se deve "apurar tudo de alto abaixo, doa a quem doer" neste processo.O
processo sobre o furto e as circunstâncias da posterior recuperação de
material de guerra dos Paióis Nacionais de Tancos, que tem entre os seus
23 arguidos o anterior ministro da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes,
começou hoje a ser julgado, em Santarém.O
semanário Expresso noticiou no sábado que "o Presidente da República
vai depor, por escrito, no caso do roubo das armas de Tancos", referindo
que "a decisão não precisa de passar pelo Conselho de Estado e o
depoimento será divulgado no site' da Presidência".À
entrada do Palácio de Justiça de Santarém, para o primeiro dia de
julgamento do caso de Tancos, Ricardo Sá Fernandes, advogado que
representa o major Vasco Brazão, ex-porta-voz da Polícia Judiciária
Militar (PJM), considerou que "seria estranho" se o Presidente da
República não fosse chamado a depor.Sá
Fernandes justificou ter arrolado Marcelo Rebelo de Sousa como
testemunha neste processo por a acusação reportar "uma conversa que terá
havido em Tancos em que participou o coronel Luís Vieira [ex-diretor da
PJM] e em que esteve presente o Presidente da República"."Isso
está relatado na acusação e nós queremos saber exatamente o que
aconteceu nessa conversa", justificou, adiantando que as declarações
feitas por Marcelo Rebelo de Sousa à comunicação social em que negou
qualquer interferência no processo "não fazem prova em audiência de
julgamento"."Eu não posso invocar as
declarações do Presidente da República, do que ele vos disse à saída de
um pequeno-almoço. Só me posso reportar a declarações do Presidente se
forem prestadas em audiência de julgamento", frisou.Questionado
sobre o que pretende ouvir de Marcelo Rebelo de Sousa, Sá Fernandes
respondeu que apenas "a verdade, o que ele tiver para contar".Vasco
Brazão é acusado de ter praticado os crimes de associação criminosa,
tráfico e mediação de armas, falsificação ou contrafação de documentos,
denegação de justiça e prevaricação e de favorecimento pessoal praticado
por funcionário.