Marcelo diz que sociedade tem de estar sempre preparada para viver em contigência
28 de nov. de 2022, 13:33
— Lusa/AO Online
“Temos
de estar preparados para aquilo que é o viver, não direi em emergência,
mas em contingência por virtude de fatores que – uns - controlamos,
outros não controlamos”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na entrega dos
Prémios Manuel António da Mota, no Porto.Olhando
para o setor social, o Presidente da República afirmou que “mudou
imenso a capacidade de resposta e a capacidade de resiliência, a
capacitação de técnicos e dirigentes e novas formas de empreendedorismo e
inovação social”.“Tem vindo a mudar
também a exigência das populações perante a intervenção do setor
privado, obrigando a ser generalizado aquilo que foi pioneiro quando
arrancou este prémio - a consciencialização das empresas sobre o seu
papel na resolução de problemas que são de todos nós. Tem vindo a mudar,
mas precisa de mudar mais”, disse.O chefe
de Estado defendeu que o contributo do setor privado numa economia como
a de Portugal é não só muito importante, como insubstituível.
“É notável a introdução da responsabilidade social, mas em períodos
críticos ou de uma certa emergência o apelo é acrescido, [para um
equilíbrio] entre o valor dos negócios declarados, ou de proventos
desses negócios, e aquilo que constitui a massa salarial ou as
responsabilidades emergentes da própria gestão”, acrescentou.No
que respeita ao setor público, o Presidente da República disse que “tem
vindo a mudar a sua ação, todo ele e, em particular, o poder
autárquico, ainda mais atento aos territórios e seus problemas,
desenvolvendo posturas de proximidade e de defesa dos próprios
interesses”.Estas mudanças, destacou, são
evidentes e positivas, mas o esforço tem de ser contínuo: “Uma coisa é
certa - não podemos voltar a olhar para os números da pobreza dentro de
uma década e reconhecer que, entretanto, por causa de fatores exógenos, o
essencial não mudou”, referiu.Na sua
intervenção, Marcelo Rebelo de Sousa recordou que em 2009, que foi o Ano
de Combate Contra a Pobreza e Exclusão Social, “a taxa de risco de
pobreza era de 42,5% antes das transferências sociais e de 18% após as
transferências sociais”.Em 2021, disse,
“com o efeito em pleno da paralisia das economias por causa da
pandemia”, no ano de arranque da preparação da Estratégia Nacional de
Combate à Pobreza, “a taxa estava em 43,4% antes das transferências e
18,4% depois das transferências sociais”. “Estávamos
em 2021, na sequência da pandemia, pior do que em 2009, na sequência da
crise internacional. Os números não são pessoas, todos o dizem, mas
acabam por revelar e muito sobre aquilo que são as emergências, os
custos das emergências, e de como elas de repente deitam por terra anos
do que consideraríamos de progresso social”, sublinhou.A
Reencontro – Associação Social, Educativa e Cultural, que atua junto de
pessoas e famílias vulneráveis, no concelho de Gouveia, foi a vencedora
da edição de 2022 do Prémio Manuel António da Mota.Criada
em 2010, e com sede em Vila Nova de Tazem, na Guarda, a Reencontro
desenvolve atividades nas áreas social, educativa e cultural junto de
pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade ou exclusão social. Sob
o lema “Portugal Justo”, o prémio de 50 mil euros foi atribuído hoje,
numa cerimónia que decorreu no Centro de Congressos da Alfândega do
Porto, ao projeto “Ser Criança”, um programa de intervenção comunitário
dirigido a crianças dos 03 aos 10 anos e que consiste no diagnóstico,
intervenção e desenvolvimento de competências.A 13.ª edição do Prémio Manuel António da Mota distinguiu ainda nove instituições nacionais.