Marcelo define-se como um Presidente criativo mas totalmente previsível
11 de nov. de 2022, 16:28
— Lusa/AO Online
"Ao
fim de sete anos, já me conhecem os portugueses muito bem, sou a pessoa
mais previsível do mundo", defendeu o chefe de Estado, em declarações
aos jornalistas, no fim de uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de
Congressos de Lisboa.A comunicação social
perguntou ao Presidente da República se concorda que tem "momentos de
criatividade", como considerou o primeiro-ministro, António Costa, por
causa do modo como se dirigiu à ministra da Coesão Territorial, Ana
Abrunhosa, sobre a execução dos fundos europeus."Ah,
sim. Fica-me a mim mal qualificar-me, mas eu penso que sou criativo, de
facto, e que só por ser criativo cheguei a Presidente e só por ser
criativo fui reeleito e que é preciso muita criatividade para, no fundo,
lidar com três governos diferentes", respondeu Marcelo Rebelo de Sousa.O
chefe de Estado referiu que "o primeiro era um Governo socialista com
apoio parlamentar, o segundo era um Governo socialista com menos apoio
parlamentar, e o terceiro é um Governo de maioria absoluta socialista,
portanto, são tudo situações diferentes"."Se o Presidente não é criativo, como é que se molda a situações tão diferentes?", perguntou.Depois,
confrontado com a ideia de que é imprevisível, Marcelo Rebelo de Sousa
contrapôs que é o mais previsível possível e escusou-se a prestar mais
declarações à comunicação social.Questionado sobre o tom com que se dirigiu à ministra da Coesão, retorquiu: "Mais nada a dizer".No
sábado passado, ao discursar durante uma cerimónia na Trofa, no
distrito do Porto, o Presidente da República falou diretamente para a
ministra Ana Abrunhosa, a quem disse que ninguém é obrigado a aceitar
funções políticas e quando se aceita "é para o bem e para o mal", com
"escrutínio constante" e com uma proporção de "dois dias felizes por dez
dias infelizes"."Este é um dia super
feliz, mas há dias super infelizes. E verdadeiramente super infeliz para
si será o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos
europeus não é aquela que deve ser. Nesse caso eu não lhe perdoo. Não
lhe perdoo. E há milhares de testemunhas daquilo que eu estou a dizer
hoje. Eu espero que esse dia não chegue, mas estarei atento para o caso
de chegar", acrescentou o chefe de Estado.A
propósito destas palavras, na segunda-feira, em Sharm el-Sheikh, no
Egito, onde participou na 27.ª Conferência das Nações Unidas sobre
Alterações Climáticas (COP27), o primeiro-ministro considerou que "todos
os portugueses têm apreciado a forma como o Presidente da República tem
exercido as suas funções, que tem momentos de maior criatividade".