Marcelo defende “política da verdade” mesmo que isso tenha custos no turismo
10 de jul. de 2020, 13:31
— LUSA/AO online
"Nós não fechamos os olhos à verdade. Podíamos
fechar os olhos à verdade, dizendo que já chega de testes, que não vale
a pena verificar mais, que o que aparecer como sintomático aparece e o
que não aparecer não vamos à procura. A nossa orientação deve ser
oposta, mesmo que tenha custos em termos internacionais", afirmou
Marcelo Rebelo de Sousa, que falava aos jornalistas em Coimbra.O
Presidente da República defendeu a tese de que Portugal, ao ter optado
por "testes massivos" em determinados setores onde apareceram casos
sintomáticos de covid-19, passou a "conhecer a realidade dos
assintomáticos, muitos deles jovens, que não tinham sinais de covid-19".Segundo
o chefe de Estado, esses testes permitiram "revelar de forma mais clara
muitos casos positivos, assintomáticos", o que depois terá pesado "nas
decisões de outros países [relativamente às medidas impostas na
circulação], olhando apenas para o número dos casos positivos". A
ideia de que o aumento de casos na Grande Lisboa se devia ao aumento de
testes já tinha sido partilhada pelo primeiro-ministro, António Costa,
no final de junho, tese essa que foi contestada por epidemiologistas
ouvidos pelo Expresso, que contrariam a ideia de que o número de testes
explica a subida do número de infetados detetados."Nós
temos a política da verdade - não estou a dizer que outros não a
tenham, mas nós temo-la de uma forma radical", salientou Marcelo Rebelo
de Sousa. O Presidente da República
referiu ainda que Portugal, no que toca à abertura de fronteiras, optou
por uma orientação de "não estabelecer, em princípio barreiras a países,
a não ser que haja situações verdadeiramente excecionais", vincando que
não haverá retaliações a Estados que tomem medidas mais restritivas. Em
declarações aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa vincou ainda que é
seguro fazer turismo em Portugal, salientando que já esteve no Algarve,
no Porto e na Madeira, onde as situações são de evolução positiva em
relação à pandemia e, mesmo em relação a Lisboa, continua a fazer a sua
"vida normal". A pandemia de covid-19
já provocou 555 mil mortos e infetou mais de 12,2 milhões de pessoas em
196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa
AFP.Em Portugal, morreram 1.644 pessoas
das 45.277 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais
recente da Direção-Geral da Saúde.