Marcelo critica "diálogo insuficiente" na saída do Afeganistão e pede NATO e UE alinhadas
11 de out. de 2021, 15:40
— Lusa/AO Online
Numa intervenção
em inglês na 67.ª sessão da Assembleia Parlamentar da NATO, num hotel
de Lisboa, o chefe de Estado afirmou que Portugal tem uma "lealdade
duradoura e imutável" para com a Aliança Atlântica, da qual é membro
desta a sua fundação, em 1949, "aliado nos bons e nos maus momentos".O
chefe de Estado defendeu um reforço do multilateralismo neste "tempo
difícil e complexo multipolar" de "perigosas erosões de democracias", de
"recuperação assimétrica de economias e sociedades" e "também de
recentes abordagens internas diferentes e a queda embaraçosa, para dizer
o mínimo, do Afeganistão, com diálogo insuficiente entre aliados".Nesta
conjuntura, segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a NATO tem de transmitir
"uma mensagem forte e clara de coesão, unidade e solidariedade", que se
reflita no seu novo conceito estratégico, que deverá ser aprovado em
Madrid no próximo ano.Referindo-se à
relação entre a NATO e a União Europeia, o Presidente da República
sustentou que "o sucesso desta aliança ao longo das últimas sete décadas
pode ser medido pelo desenvolvimento económico e social dos seus povos,
a consolidação dos seus sistemas democráticos"."Não
há razão para sermos tentados a enfraquecer esta ligação
transatlântica, quando o que realmente importa é reforçá-la,
reinventando respostas para novos problemas comuns, não confundido
arrogância com poder", afirmou, completando: "Melhorando a nossa
informação e a nossa capacidade de previsão, em particular onde
interviemos e por muito tempo, como o Afeganistão, realinhando posições
quando alguns tentam dividir-nos e aproximando mais as instituições dos
cidadãos".Marcelo Rebelo de Sousa
argumentou que "a Europa e os Estados Unidos da América andaram lado a
lado na estabilidade da ordem liberal, na expansão bem-sucedida das
democracias, na regulação da globalização económica e tecnológica, na
gestão do ambiente de paz e de segurança, mesmo que com altos e baixos
nas questões climáticas".No início do seu
discurso, o chefe de Estado elogiou a "liderança inteligente, estável,
resiliente e confiável num tempo tão complexo e imprevisível" do
secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg – que participou como
convidado numa reunião do Conselho de Estado, o órgão político de
consulta presidencial, em 29 de maio.Depois,
assinalou a presença da presidente da Câmara dos Representantes do
Congresso dos Estados Unidos da América, Nancy Pelosi, considerando que
simboliza o "compromisso político dos legisladores norte-americanos para
com a NATO".Entre os desafios que se
colocam à NATO, o Presidente da República destacou aqueles que se
colocam "por uma Federação Rússia mais assertiva nomeadamente na
energia, em particular o gás" e por "uma ameaça renovada chamada China",
em relação à qual, no seu entender, há que definir "áreas de
divergência, áreas de competição, e de áreas de diálogo e compromisso".De
acordo com Marcelo Rebelo de Sousa, impõe-se igualmente "uma mensagem
forte e clara" em resposta "às novas ameaças do terrorismo", que apontou
como "uma prioridade inevitável", observando: "E a saída do
Afeganistão, deixando para trás direitos humanos em risco e situações
incertas, pode fazer elevar esta prioridade".Por
outro lado, o chefe de Estado reclamou um "reconhecimento do papel
vital de todas as parcerias da NATO, reconciliando a vocação regional da
NATO com as áreas circundantes e vizinhanças", e destacou o "flanco
sul", alertando que África se posiciona "como epicentro do terrorismo
islâmico, com a Federação Russa por lá".Marcelo
Rebelo de Sousa insistiu na necessidade de "uma mensagem forte e clara
de coesão, unidade e solidariedade" por parte da Aliança Atlântica,
baseada nos valores da liberdade e da democracia.O
Presidente da República descreveu a NATO como "a aliança militar mais
sólida da História" e a "mais consistente, pluralista comunidade de
segurança de que há memória", mas advertiu que "nenhuma aliança, por
mais forte que seja, pode ter sucesso sem o apoio dos seus povos",
chamando a atenção para os sistemas políticos que abrem espaço ao
"radicalismo ou populismo antissistema"."A
NATO, que tanto deu às democracias e à segurança coletiva, precisa que
esta trajetória plural e multilateral seja reforçada", acrescentou.