Marcelo considera que 25 de Novembro também cabe nas comemorações
25 Abril
5 de abr. de 2022, 10:24
— Lusa/AO Online
Em resposta a
questões dos jornalistas, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, onde
foi assistir à antestreia do filme "Salgueiro Maia – O Implicado", de
Sérgio Graciano, Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que ainda não fechou o
processo de escolha da comissão nacional das comemorações dos 50 anos
do 25 de Abril, que lhe compete nomear."Eu
esperei pela composição da Assembleia da República e do Governo. Tenho
ideias sobre a matéria. Ainda não falei com o senhor presidente da
Assembleia da República nem com o senhor primeiro-ministro sobre a
matéria", declarou, quando interrogado se já escolheu os membros da
comissão nacional e se ficará ou não presidir a este órgão.Questionado
se o 25 de Novembro de 1975 deve ser incluído nas comemorações dos 50
anos do 25 de Abril de 1974 – que já começaram, mais de dois anos antes
desta efeméride, e se irão estender até dezembro de 2026 –, o chefe de
Estado respondeu: "Mas eu acho que a ideia é obviamente caber. Quer
dizer, cabe".O Presidente da
República assinalou que, por enquanto, as celebrações se têm fixado
sobretudo "na fase anterior" à Revolução dos Cravos, "não é a do
processo revolucionário em si mesmo", mas "nos antecedentes do 25 de
Abril: o movimento estudantil, os movimentos religiosos, os movimentos
dos trabalhadores, a contestação política, a oposição política, a
repressão"."E por isso é que se começou
muito cedo", prosseguiu, acrescentando que "depois há de chegar o
momento que tem a ver com a iniciativa dos capitães, o movimento dos
capitães, o Movimento das Forças Armadas (MFA), e depois o processo
dentro da revolução".Marcelo Rebelo de
Sousa concluiu: "O 25 de Novembro é posterior ao 25 de Abril, cabe no
processo revolucionário, merece, naturalmente – eu sempre o assinalei –,
mas não cabe no início que é a pré-história da pré-história do 25 de
Abril. Cabe depois".Sobre o capitão de
Abril Salgueiro Maia, que condecorou postumamente no seu primeiro ano de
mandato como Presidente da República, recordou-o como "um grande
protagonista do 25 de Abril" que a seguir "foi totalmente desprendido" e
por isso merece "admiração suplementar".Ainda
não é conhecido o nome do substituto de Pedro Adão e Silva - que na
semana passada assumiu as funções de ministro da Cultura do
XXIII Governo Constitucional – como comissário executivo à frente da
estrutura de missão constituída pelo Governo para as comemorações dos 50
anos do 25 de Abril.A par desta estrutura
de missão, está previsto que funcione, junto da Presidência da
República, uma comissão nacional, que compete ao Presidente da República
nomear.Em junho de 2021, Marcelo Rebelo
de Sousa convidou para presidir a este órgão o primeiro Presidente da
República eleito depois do 25 de Abril, António Ramalho Eanes, que
inicialmente aceitou, mas mais tarde se desvinculou destas comemorações.Ramalho Eanes também assistiu hoje à antestreia do filme "Salgueiro Maia – O implicado", no Centro Cultural de Belém.Há
dois anos, no 25 de Novembro, os dois almoçaram juntos no Palácio de
Belém e Marcelo Rebelo de Sousa defendeu na altura que esta foi uma
"data ponte" determinante para a institucionalização da democracia em
Portugal, com Eanes como "protagonista essencial".Os
acontecimentos do 25 de Novembro de 1975, em que forças militares
antagónicas se defrontaram no terreno, e sobre os quais não há uma
versão consensual, marcaram o fim do chamado Processo Revolucionário Em
Curso (PREC).