Marcelo afirma que "chocado ficou o país" e condena "diz que disse especulativo"
26 de out. de 2017, 13:00
— Lusa/AO Online
"Há duas maneiras de encarar a realidade. Uma
maneira é o diz que disse especulativo de saber quem ficou mais
chocado: se foi A com o discurso de B, se foi B com o discurso de A. E,
depois, há uma segunda maneira, que é a de compreender que chocado ficou
o país com a tragédia vivida, com os milhares de pessoas atingidas",
afirmou Marcelo Rebelo de Sousa."Eu entendo que a forma correta é
a segunda e que quem olha para a realidade do diz que disse
especulativo não entendeu e não entende nada do que se passou em
Portugal nas últimas semanas", acrescentou, em declarações na ilha
Terceira, nos Açores, tendo ao seu lado o ministro da Defesa Nacional,
José Azeredo Lopes. O chefe de Estado e Comandante Supremo das
Forças Armadas falava no Miradouro da Serra do Facho, onde assistiu a
manobras do exercício militar "Lusitano 2017", em resposta aos
jornalistas, que o questionaram a propósito da notícia que está hoje na
capa do Público, intitulada "Governo chocado com Marcelo: 'As coisas
estavam combinadas'".O Segundo o chefe de Estado, o importante é o
país "que, naturalmente, esperou uma palavra dirigida às vítimas e que
espera, com urgência, reparação, reconstrução e olhar para o país
atingido".Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que "há uma urgência"
na reconstrução, "porque esse país não pode ser esquecido
sistematicamente" e porque "faltam menos de dois anos para o termo da
legislatura deste parlamento e deste Governo".Interrogado se a
relação de confiança entre os órgãos de soberania Governo e chefe de
Estado ficou afetada, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a não dar uma
resposta direta a esta questão, que desvalorizou, defendendo que "os
portugueses esperam que o Presidente coloque o essencial muito acima
daquilo que não tem importância nenhuma"."E o essencial são as
vidas desaparecidas, são as vítimas que esperam a reconstrução, a
reparação, o recomeço da sua existência. Tudo o resto, com o devido
respeito, parece-me totalmente irrelevante, totalmente irrelevante",
considerou.Confrontado com o facto de o jornal oficial do PS,
"Ação Socialista", ter publicado um artigo de opinião do jornalista
Simões Ilharco que também critica a sua atuação, acusando-o de
encaminhar o sistema político português para o presidencialismo, Marcelo
Rebelo de Sousa nada mais quis acrescentar, remetendo para a sua
resposta inicial.O chefe de Estado encontra-se nos Açores desde
quarta-feira, e ficará na região até sábado, para visitar as duas ilhas
do grupo oriental, Santa Maria e São Miguel, completando assim o périplo
que fez em junho pelas outras sete ilhas do arquipélago.