Mar arrastou desde lixo a portas e inundou casas no Faial
Furacão Lorenzo
2 de out. de 2019, 14:04
— Lusa/AO Online
Uma das situações
mais complicadas verificou-se na Rua Conde d’Ávila e na Rua do Castelo,
na freguesia das Angústias, que ficaram inundadas, ao nascer do dia,
devido às grandes ondas do quadrante sul que entraram pela outrora
protegida baía de Porto Pim, um dos ex-líbris da ilha, que hoje se
transformou num cenário de destruição.“Saí
de casa para ver a rebentação das ondas junto ao Portão de Porto Pim,
mas ainda não tinha chegado lá e tive de voltar para trás a correr, para
não ser apanhado por outra onda”, explicou à Lusa Hélio Escobar,
morador naquela zona, que revelou ter ficado perplexo com o impacto da
fúria do mar naquela zona.A casa de Hélio
Escobar não chegou a ficar inundada pela água do mar, que correu rua
acima, arrastando todo o tipo de detritos, portas, contentores de lixo,
caixas e garrafões plásticos, latas, chinelos e até peixes mortos.Porém, a espuma e o lixo andaram perto da habitação.“Tive
sorte”, admitiu o jovem morador da Rua Conde d’Ávila, ao recordar os
estragos provocados pela passagem pelos Açores do furacão “Lorenzo”.A
água entrou, porém, noutras 10 moradias de vizinhos que habitam na
mesma rua, mas mais próximos da orla costeira, e que viram as suas
habitações danificadas pela fúria do mar.A
ondulação partiu portas e janelas e até o beiral das habitações,
obrigando a Proteção Civil a realojar pelo menos uma dezena de famílias.Mais
próximo da praia de Porto Pim, vários restaurantes, bares e
estabelecimentos comerciais daquela zona da cidade foram também afetados
pela força das ondas, que quase destruíram duas esplanadas e arrancaram
mesmo a calçada da estrada, obrigando ao corte de algumas artérias.Complicada
foi também a situação no porto da Feteira, igualmente na costa sul da
ilha do Faial, que foi bastante fustigada pela ondulação.As
ondas destruíram um parque de merendas e um parque infantil, inundaram
casas e bares, e provocaram o corte da estrada regional, junto à rotunda
da variante à cidade da Horta.Ramos, telhas, pedras e até árvores completas foram arrastadas para a estrada.Os
primeiros estragos ocorreram ainda durante a madrugada, à medida que se
aproximava a preia-mar, mas a verdadeira dimensão dos prejuízos só foi
possível confirmar ao início do dia, quando os moradores foram saindo à
rua para se inteirarem das consequências do mau tempo.A
fúria do mar provocou também o cancelamento das ligações marítimas de
passageiros da Atlânticoline previstas para terça-feira entre as ‘ilhas
do Triângulo’ (Faial, Pico e São Jorge) e também a primeira ligação de
hoje entre Faial e Pico.O presidente da
Câmara da Horta disse hoje que foram realojadas 44 pessoas na ilha do
Faial (que tem apenas um concelho), devido à intensidade das ondas na
freguesia de Angústias, tendo sido registadas 70 ocorrências devido à
passagem do furacão.Segundo o mais recente
balanço do Governo Regional, o “Lorenzo” provocou mais de 170
ocorrências esta madrugada e manhã nos Açores e obrigou ao realojamento
de mais de 50 pessoas.“Em termos de
ocorrências, 171, sendo que temos 66 no Faial, 23 nas Flores, 28 no
Pico, 21 em São Jorge, oito na Graciosa, 20 na Terceira, duas em São
Miguel e três no Corvo”, adiantou, em declarações aos jornalistas, a
secretária regional da Saúde dos Açores, que tutela a Proteção Civil,
Teresa Machado Luciano.Segundo a governante, foi necessário realojar 53 pessoas em três ilhas: “quatro em São Jorge, 42 no Faial e sete nas Flores”. Esta
manhã foi ainda equacionada a possibilidade de se retirar uma centena
de pessoas nas Lajes do Pico, por precaução, mas afinal foram apenas 50.Todas
as pessoas foram realojadas em casas de familiares ou em soluções
encontradas pela Direção Regional da Habitação e pela Secretaria
Regional da Solidariedade Social.